sexta-feira, 22 de junho de 2012

A NOITE É MINHA ?



Não é de hoje. É de muito tempo. Nasci com um bio-rítmo diferenciado da maioria das demais pessoas. A noite, para mim, eleva o espírito. Leva-me a sonhar sonhos impossíveis, meros vôos de fantasias assim tão tolas que, às vezes, até sorrio de mim mesmo. Imagino-me, em uma noite escura como esta, voando acima da velocidade do som, pilotanto um avião de guerra e fazendo curvas maravilhosas com muita adrenalina, ouvindo em alto som as Quatro Estações de Vivaldi.

Aqui tenho, no prédio, em meu andar, uma espécie de torre que uso como "fumódromo". De lá vejo parte da cidade e ali, entre um cigarro e outro, vou vendo regiões distantes até onde a cidade termina no campo cercado por canaviais e, às vezes, vejo cá de longe, a colheita que e efetua a noite nas máquinas colhendo e levando-a a caminhões.

Passeio em meus pensamentos o passado em viagens como esta sob chuvas pesadas, locais distantes deste país e, de repente, imagino o pensamento de filósofos com suas teorias complexas dentro de paradigmas de difícil compreensão.

Enfim, solto minha alma em liberdade sem pauta de pensamento. A noite esconde o rumor distante da cidade e o silêncio cái de forma pesada nestas horas.

É estranho, mas experimento um prazer imotivado com alegrias simples, mas que preenchem minha alma. Sem hora para dispor de nada volto para dentro de mim mesmo questionando, contemplando, propondo entre tolíces e idéias sérias finalidades maiores. Ao longe, as vezes, ouço o rumor de uma moto alta singrando o silência rumo ao nada. Apenas o gosto que se sente da velocidade.

Um instante. Apenas um instante meu. Se tirá-lo de mim, certamente sofro.

Esta noite e minha ?

O Peregrino.