quarta-feira, 4 de julho de 2012

= INTERNET MALDITA =



Vi em um site, TED IDEAS WORTH SPREADING, a excelente palestra de uma Psicóloga americana SHERRY TURKLE , sobre a WEB e os demais meios de comunicação atuais. Entre outras ideias, ela explanava sobre a solidão em que as pessoas enclausuram-se dentro se seus micros e demais aparelhos eletrônicos, distanciando-se do contato pessoal e humano. Contava ela que, com frequência, assistia repetidamente várias pessoas em um único ambiente e cada um teclando via de celulares, conversando sobre os assuntos de seus interesses particulares, diferenciados daqueles que os tratados pelos convivas. Pior: afirmava que pessoas vivem unicamente virtualmente, não se dando ao trabalho de atravessar o corredor do prédio para fazer uma visita a seus vizinhos, mas que, pela WEB, com eles convivem animadamente.

E completava que isso desfigura a realidade, pois que a necessidade humana exige muito mais do que apenas este contato superficial.

Interessantíssimo o tema.

Uma palestra curta, mas bem exposta, clara e objetiva.

Pessoalmente já experimentei este fato de ficar em volta de uma pessoa e ela no micro pesquisando informações. Isso ocorreu uma, duas, três vezes consecutivas até que, nauseado e irritado, chamei-lhe energicamente a atenção. Explicitando que não mais iria procurá-lo.

Mas aqui quero olhar o ângulo que a ilustre conferencista não viu, não abordou.

Todos nós usamos a WEB em menor ou maior grau. Ela mesma, a discursante, cita na abertura de sua palestra, que minutos antes recebera de sua filha uma mensagem por meio eletrônico. Rebecca, minha filha, me enviou um sms de boa sorte. O texto dizia: Mãe, você vai arrasar.E confessou mais: “Eu adoro isto. No mínimo um fato irônico. Quem inaugura uma conferência lamentando que os meios eletrônicos levam a solidão e, ao mesmo tempo diz que “adora isso” é, quando nada, difícil de se entender.

Mas esqueçamos o fato como um cochilo da palestrante.

Vejamos o ponto de vista em que ela realmente se fixa: A necessidade do convívio humano. Mas será que não seria pior, se nem esta forma de relacionamento fosse possível ? Eu, por exemplo, relaciono-me com muitas pessoas que nem bem conheço. Sei suas características de personalidade, mas pouco mais sei. Nelson Rubino, por exemplo, reside na Riviera e temos uma grande identidade moral e ética com grande admiração. Pérsio Pisane, conheço pessoalmente e considero-o muito, sempre dando-me opiniões pessoais. Mi (Miriam) Horri, minha amiga de muitos e muitos anos e que quase nunca encontro, mas que gosto muito. Ana Carvalho, outra que sempre teclo via MSN sempre que podemos. Lailin, outra que, conhecendo-a, sempre estou a trocar ideias. Meu filho mesmo, que mora na mesma cidade, trocamos e-mails o dia todo comentando notícias e novidades. Quando muito vemo-nos no fim de semana.

De que forma teria meios para estar em contato com estas pessoas tão prezadas, queridas ?

Isso isola-me ou estreita-me o relacionamento ?

E convenhamos, isso de se morar na mesma cidade e raramente encontrar-se com as pessoas, mesmo familiares íntimos, é muito comum. Nossas cidades tornaram-se metrópoles, onde visitar uma pessoa leva um dia todo, além de correr riscos de ser a noite assaltados na volta. E mais: vestir-se, incomodar o próximo que, cansado, quer e precisa de sua liberdade.

Se a pequena cidade não é um povoação isolada e pequena, para enfrentar trânsito confuso, assaltos, estacionamentos, congestionamentos, o melhor é mesmo um e-mail, um telefonema e, com isso, tentar matar a saudade.

O que se dá é que os exageros e a falta de educação dos usuários destas máquinas, é que são inconvenientes. Assim também o é uso dos veículos. Transportam pessoas, mas também matam. Tanto celulares, Nots, micros e uma gama infinita de outros aparelhos são indevidamente empregados. Estas máquinas não isolam ninguém. Ao contrário nos coloca em convizinhanças distantes e saudáveis.

A Dra. SHERRY TURKLE, em que pese sua grande cultura, está errada.

Criar destrói. Destrói uma intimidade pessoal em detrimento da virtual, mas melhor pouco assim antes de que nada.

Quanto ao exagero, seja este no que for, é um fato lamentável e não deve ser estimulado.


O Peregrino.