quinta-feira, 30 de agosto de 2012

-AINDA SOBRE O NAMORO VIRTUAL-

AINDA  SOBRE  NAMORO  VIRTUAL 


”Uma observação – indagação: por que o virtual é tão propício ao relacionamento e, por exemplo, as pessoas sozinhas em uma festa não se aproximam?”
Esta pergunta foi-me dirigida por um senhor, o qual conheço bem.
Para terem uma ideia, ele não usa TV, exceto para filmes locados. É escritor, com algumas publicações em outros idiomas. Suas fontes de informações são jornais estrangeiros e da WEB. Não joga, não bebe, não fuma. É casado e parece-me que, inteligentemente, não tem filhos. Não transita por nenhuma rede virtual. Adora cães da raça Rottweiler. Gosta de  leitura, cinema e musicais. 


Deste modo não entendo sua pergunta como provocativa.
Realmente sua curiosidade é real. Ele ignora esta área da WEB.
Respondendo. 

1º)- Em uma festa, geralmente, as pessoas não dialogam a dois. Somam-se em pelo menos um par de quatro pessoas e suas conversas tendem a ser genéricas e indefinidas. Dificilmente uma “rodinha” se forma para um diálogo mais objetivo. Aliás, se “rodinhas” assim se formassem seria um ato grosseiro, penso eu. Duas vezes já passei por um sufoco destes. Convidado em ambas circunstâncias pela dona da festa, vi-me isolado dentro de uma colônia japonesa que nenhuma atenção deu-me. Fiquei isolado até consegui “escapar”, despedindo-me da anfitriã, antes mesmo do bolo ser cortado e jurei que não cairia noutra. Eram pessoas simples, mas sofri como um cão fora da manada. Mas antes desta já caíra em outra. Festa em uma fazenda, onde todos se conheciam e somente falavam de suas propriedades rurais. Tentei por todos os meios algum assunto dentro do deles (as tais “rodinhas”). Tive um suadouro quase letal também.   
2º)- Em uma festa usa-se o álcool como estimulante e as pessoas tornam-se mais locases, passando de um assunto a outro sem fixação por um tema qualquer.
3º)- Em uma festa, duas pessoas que se isolam conversando em voz baixa um com o outro, tentando se conhecer  ou entabular um assunto de interesse particular seu, são mal vistos, fogem do tônus geral.
4º)- Em uma festa, somos solicitados a todo instante a dirigirmo-nos aos conhecidos ainda que com curtas palavras para informarmo-nos de como está nosso amigo e saber coisas rápidas a seu respeito e ele sobre nós.
5º)- Em uma festa o barulho da música é alto e conversamos em um tom de voz acima do normal, o que dificulta a expressão exata de nossos pensamentos.
6º)- Em uma festa, enfim, todos estão com todos e ninguém está com ninguém.



Percebe a diferença, meu amigo ?
Em uma sala de franco convívio social cada um conversa com quem quer, não há bebida, não há música que somos obrigados a ouvir, não temos de dar atenção aos outros, podemos sair a hora que o desejarmos, não somos isolados como na festa da colônia japonesa, procurarmos a quem quisermos, estamos em nossa casa de bermudas, à vontade, sem vestirmo-nos a rigor para determinado fim, não temos de deslocarmo-nos no trânsito para irmos até o local e voltarmos a nossa casa. E, se assim o desejarmos, podemos dar nosso MSN e em um canto somente nosso, no virtual, podemos conversar particularmente sem pretendermos ser incomodados e isso exatamente na hora que desejarmos.
        Parece fácil compreender isso quando se usa.
        Difícil quando não se pratica.
        Meu amigo, a WEB veio para ficar. Mais que o rádio, o cinema, o telefone, o cinema.
        Espero ter-me feito claro.
        Obrigado pela atenção.
        J. R. M. Garcia.