segunda-feira, 8 de outubro de 2012

FATO VERÍDICO: LOUCURA E AMOR

Scooby – Preta – Padre Renato

        O papeleiro Carlos Miguel dos Santos, 45, morreu queimado no barraco onde vivia no bairro Pio 10, em Caxias do Sul (RS). Segundo a polícia, o barraco onde Santos morava, foi incendiado por quatro menores de idades entre 11 e 15 anos. Eles disseram que a vítima devia R$ 20 a eles e queriam dar um susto no papeleiro para que ele fizesse o pagamento. Em depoimento, os adolescentes confirmaram ter comprado gasolina para atear fogo no barraco onde o homem morava enquanto ele dormia.
A polícia disse que Santos não teve chance de reação. O homem foi socorrido por vizinhos, que disseram ter visto ele correr pela rua com o corpo em chamas pedindo ajuda. O fogo foi apagado com um extintor. O homem teve queimaduras em 85% do corpo.
O hediondo crime  ocorreu durante o feriado local da Semana da Farroupilha.
Dá-se que o papeleiro deixou dois cãezinhos que moravam com ele e acompanhavam-no na faina do dia a dia e, com ele dormiam no barraco, agora queimado. E lá eles permaneceram como irmãos. Comiam pela vizinhança e dormiam sob a carrocinha do papeleiro agora morto.
Seu dono, seu irmão, seu pai sumira misteriosamente na noite do incêndio.
O padre  Renato Ariotti, 51 anos, tentou levar os cãezinhos para sua casa.
Inútil. Lá não paravam.
Uma noite, ao voltarem do percurso em sua cercania, os pequenos animais não encontraram a carroça sob a qual dormiam.
Ficaram desesperados. Não compreendiam. Primeiro o irmão, o amigo, o dono desaparecera em uma noite de incêndio. Agora, o carrinho desaparecera. Choraram como os meninos fazem.
De repente o padre surge e os leva à forca para o pátio de sua casa.
Ao lá chegarem viram a carroçinha e, soltos, pulavam de alegria, abanavam a cauda, saltavam no padre lambendo-lhe as mãos.
O milagre estava feito com a habilidade do padre. Devolveram-lhes parte do amigo papeleiro. Reconheceram o cheiro do antigo irmão incendiado.         
Uma veterinária local deu-lhes as vacinas e tratamentos necessários.
O religioso disse que os cães aparentavam tristeza quando chegaram à casa dele, mas quando viram o carrinho usado pelo ex-dono, melhoraram. "Eles ficaram muito felizes com a carrocinha, não paravam de abanar o rabo e correr em volta. A Preta está mais solta, até dorme na casinha que a gente fez para eles, mas o Scooby não sai do cantinho com papelão embaixo do carrinho, ele parece se sentir mais protegido lá." E continua: “Os cães buscam nela um refúgio para a saudade que sentiam do dono porque ainda percebem a presença dele".
J. R. M. Garcia.