Scooby – Preta – Padre Renato
O papeleiro Carlos Miguel dos Santos, 45, morreu
queimado no barraco onde vivia no bairro Pio 10, em Caxias do Sul (RS). Segundo
a polícia, o barraco onde Santos morava, foi incendiado por quatro menores de
idades entre 11 e 15 anos. Eles disseram que a vítima devia R$ 20 a eles e
queriam dar um susto no papeleiro para que ele fizesse o pagamento. Em
depoimento, os adolescentes confirmaram ter comprado gasolina para atear fogo
no barraco onde o homem morava enquanto ele dormia.
A polícia disse que Santos não teve chance de reação. O homem foi
socorrido por vizinhos, que disseram ter visto ele correr pela rua com o corpo
em chamas pedindo ajuda. O fogo foi apagado com um extintor. O homem teve
queimaduras em 85% do corpo.
O hediondo crime ocorreu
durante o feriado local da Semana da Farroupilha.
Dá-se que o papeleiro
deixou dois cãezinhos que moravam com ele e acompanhavam-no na faina do dia a
dia e, com ele dormiam no barraco, agora queimado. E lá eles permaneceram como
irmãos. Comiam pela vizinhança e dormiam sob a carrocinha do papeleiro agora
morto.
Seu dono, seu irmão, seu
pai sumira misteriosamente na noite do incêndio.
O padre Renato Ariotti, 51 anos, tentou levar os
cãezinhos para sua casa.
Inútil. Lá não paravam.
Uma noite, ao voltarem do
percurso em sua cercania, os pequenos animais não encontraram a carroça sob a
qual dormiam.
Ficaram desesperados. Não
compreendiam. Primeiro o irmão, o amigo, o dono desaparecera em uma noite de
incêndio. Agora, o carrinho desaparecera. Choraram como os meninos fazem.
De repente o padre surge
e os leva à forca para o pátio de sua casa.
Ao lá chegarem viram a
carroçinha e, soltos, pulavam de alegria, abanavam a cauda, saltavam no padre
lambendo-lhe as mãos.
O milagre estava feito
com a habilidade do padre. Devolveram-lhes parte do amigo papeleiro. Reconheceram
o cheiro do antigo irmão incendiado.
Uma veterinária local
deu-lhes as vacinas e tratamentos necessários.
O religioso disse que os cães aparentavam tristeza quando chegaram à
casa dele, mas quando viram o carrinho usado pelo ex-dono, melhoraram.
"Eles ficaram muito felizes com a carrocinha, não paravam de abanar o rabo
e correr em volta. A Preta está mais solta, até dorme na casinha que a gente fez
para eles, mas o Scooby não sai do cantinho com papelão embaixo do carrinho,
ele parece se sentir mais protegido lá." E continua: “Os cães buscam nela
um refúgio para a saudade que sentiam do dono porque ainda percebem a presença
dele".
J. R. M. Garcia.