quinta-feira, 15 de novembro de 2012

=CONSCIÊNCIA NEGRA=

Joaquim Benedito Barbosa Gomes

Uma tarde, há muitos anos, um faxineiro limpando o banheiro do TRE, cantava alegre uma música em inglês. Naquele momento um Diretor do Tribunal ouviu e inquiriu. “Quem era aquele negro cantando com fluência em inglês?”. E cantava bem. Veio a saber que ele já sabia muitos idiomas, entre elas inglês. Era um apaixonado. Não pela música, mas pelas letras e línguas. Esse faxineiro dividia a vida entre a escola noturna e a faxina do Tribunal. Humilde, filho de um pedreiro e de uma dona-de-casa, não esperava muito da vida. Gostava de estudar.
        Afável, solícito, inteligente, esforçado formou-se em Direito pela UNB, sendo à época o único negro na faculdade. E daí tomou seu rumo com luz própria.  Forma-se e pós-gradua-se na Universidade de Brasília. Passou nos concursos de Oficial da Chancelaria, Advogado do Serviço Federal, Procurador da República, Professor da Universidade do Rio de Janeiro. Doutora-se pela Sorbonne, a prestigiosa usina de canudos de Paris. Antes de chegar à Universidade da Califórnia, lecionara como visitante na faculdade de Direito de Columbia, em Nova York.
        Talvez um dos únicos acertos que Lula fez na política e do qual maldiz de si mesmo, foi achar este homem.
        “Encomendou” a Thomaz Bastos um negro para o STF.
        E se Lula fez seu único acerto, Bastos fez sua maior burrada.
        Buscam em Nova York este homem para exercer, ao final, a relatoria do mais clamoroso processo desta nação em todos os tempos: o “mensalão”.
        Pronto. A “burrada” estava feita. Bastos já tenta a primeira malandragem peticionando que o processo fosse julgado “embolado” sem a divisão em capítulos e o Relator nega, para a ira geral dos “mensaleiros”. A chicana de Bastos já encontra a primeira resistência e, daí, vai até onde todos nós sabemos.
        Lula, acovardado, se cala (aliás sempre se saiu assim de suas muitas trapaças). Bastos se omite e deu no que deu. Todos bandidos sentenciados.
        É uma ironia do Destino. O mais ignorante Presidente, junto com um dos grandes chicaneiros da Nação em todos os tempos, nomeiam aquele que passa a encarnar, sozinho, todo um sentimento nacional de Justiça.
De repente todo o sentimento de justiça deste país ficou canalizado nas mãos deste SENHOR JUIZ!
QUADRILHEIROS EM AÇÃO

É óbvio que isso não mudará os rumos desta nação. Ela permanecerá a mesma imersa em malandragens como a destes que acima a gente vê.
Tudo continuará “como d’antes no quartel de Abrantes”, mas pelo menos a História irá citar que aqui houve, em certa época, uma “pérola negra” a fulgir no céu da Pátria de noite escura.
Obrigado Sr. Joaquim Benedito Barbosa Gomes.
O dia Nacional da Consciência negra deveria ser nominado com seu nome.
Bom sábado Amigos.
J. R. M. Garcia.