Acho que
todos vocês sabem.
O melhor
dia da semana é sexta (dia de esperanças iluminadas) e, de quebra, sábado quando não se tem de trabalhar
também.
Mas no
sábado, mesmo trabalhando, é, também, um dia diferente. Um dia mais folgado,
principalmente à tarde.
Eu
adoraria ter hoje, aqui em minha cachola, algum assunto que os fizesse
gargalhar e que, contando ao vizinho, ao porteiro do prédio, ele também
gargalhasse.
E, por
obra divina, um contágio mágico acontecesse de forma tal a que todos iriam com
um sorriso no rosto, comunicando-os uns aos outros até que todos, no fim,
fossem apenas uma gargalhada só.
Isso é
apenas um sonho, mas um sonho bem bom, não é ?
Na
verdade a vida é muito áspera. Muito. Não é de se supor que venhamos aqui apenas
para “obrigá-los” a pensar em problemas, em fatos estranhos, em formas de
trazer-lhes mais peso.
Hoje
tive um dia mais ou menos meio chato demais. Daqueles que a gente não pode
evitar, mesmo procurando evitar.
Santayana
E meu
filho, a cada hora durante o transcorrer dos percalços, parecendo um papagaio,
dizia: “Isso aqui é tudo gargalhada. É a parte boa da vida.” Mas esqueceu do
restante da frase magistral de Santayana e não concluía o resto.
George
Santayana foi um intelectual extraordinário, desenvolvendo idéias em profusão, mas
sem a formação de um contexto filosófico. E meu filho, papagaindo um pedaço da
frase do pensador, não a fechava em seu contexto trágico.
E,
também eu, para o agrado de vocês, não vou fechá-la.
Lembrei-me agora ! Um fato real, verídico. É de se rir, suponho.
CONVITE PARA ALMOÇAR
Que me perdoem os mineiros, mas este é um fato
real.
Lá
pelos grotões das Minas Gerais, em uma cidadezinha êrma, chegamos meu filho e
eu para conversarmos como um dos homens mais ricos do local por volta das onze
horas. O sol era de rachar mamona.
Batemos
palma à porta fora do portãozinho, como era costume local.
Surge
um jovem espadaúdo, com um largo sorriso mineiro estampado nas faces.
Mandou
que entrássemos, e entramos. Pediu que sentássemos no alpenre, e sentamos.
Perguntou
então:
--Vocês almoçaram ?
E
nós, esperançosos, dissemos:
--Nãããooooooooooooooo............
Não
existia onde comer. Uns botecos de pinga esparramados aqui e ali.
Ele
disse rapidamente sem maiores preâmbulos.
--Esperem-me aqui que vou almoçar e volto para
conversarmos.
E
entrou porta a dentro.
Meu
filho e eu, perplexicos e morrendo de fome, apenas entreolhamo-nos.
Ainda
arrisquei.
--Esta a tradicional solidariedade mineira.
Tenham
um ótimo sábado.
J.
R. M. Garcia.