sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

=CONVITE PARA ALMOÇAR=


Acho que todos vocês sabem.
O melhor dia da semana é sexta (dia de esperanças iluminadas) e, de quebra, sábado quando não se tem de trabalhar também.
Mas no sábado, mesmo trabalhando, é, também, um dia diferente. Um dia mais folgado, principalmente à tarde.
Eu adoraria ter hoje, aqui em minha cachola, algum assunto que os fizesse gargalhar e que, contando ao vizinho, ao porteiro do prédio, ele também gargalhasse.
E, por obra divina, um contágio mágico acontecesse de forma tal a que todos iriam com um sorriso no rosto, comunicando-os uns aos outros até que todos, no fim, fossem apenas uma gargalhada só.
Isso é apenas um sonho, mas um sonho bem bom, não é ?
Na verdade a vida é muito áspera. Muito. Não é de se supor que venhamos aqui apenas para “obrigá-los” a pensar em problemas, em fatos estranhos, em formas de trazer-lhes mais peso.
Hoje tive um dia mais ou menos meio chato demais. Daqueles que a gente não pode evitar, mesmo procurando evitar.
Santayana

    E meu filho, a cada hora durante o transcorrer dos percalços, parecendo um papagaio, dizia: “Isso aqui é tudo gargalhada. É a parte boa da vida.” Mas esqueceu do restante da frase magistral de Santayana e não concluía o resto.
George Santayana foi um intelectual extraordinário, desenvolvendo idéias em profusão, mas sem a formação de um contexto filosófico. E meu filho, papagaindo um pedaço da frase do pensador, não a fechava em seu contexto trágico.
E, também eu, para o agrado de vocês, não vou fechá-la.
          Lembrei-me agora ! Um fato real, verídico. É de se rir, suponho.

CONVITE PARA ALMOÇAR
       Que me perdoem os mineiros, mas este é um fato real.
   Lá pelos grotões das Minas Gerais, em uma cidadezinha êrma, chegamos meu filho e eu para conversarmos como um dos homens mais ricos do local por volta das onze horas. O sol era de rachar mamona.
       Batemos palma à porta fora do portãozinho, como era costume local.
       Surge um jovem espadaúdo, com um largo sorriso mineiro estampado nas faces.
     Mandou que entrássemos, e entramos. Pediu que sentássemos no alpenre, e sentamos.
       Perguntou então:
--Vocês almoçaram ?
       E nós, esperançosos, dissemos:
--Nãããooooooooooooooo............
       Não existia onde comer. Uns botecos de pinga esparramados aqui e ali.
       Ele disse rapidamente sem maiores preâmbulos.
--Esperem-me aqui que vou almoçar e volto para conversarmos.
       E entrou porta a dentro. 
       Meu filho e eu, perplexicos e morrendo de fome, apenas entreolhamo-nos.
       Ainda arrisquei.
--Esta a tradicional solidariedade mineira.
       Tenham um ótimo sábado.
       J. R. M. Garcia.