quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

UM CONTO DE AMOR -HISTÓRIA VERÍDICA-

CASAL  DE  MÃOS  DADAS

      Eu esperando minha nora chegar no aeroporto. Vendo um e outro passar. Pensava cá comigo: “Cada um tinha seu destino certo, um rumo, uma razão de ser para ali estar.” Entre eles, eu.
       De repente (e foi de repente mesmo) senta um rapaz ao meu lado extremamente aflito, ansioso e vai logo falando:
--Estou esperando aqui minha namorada. Ela vem de Lisboa. O voo já está atrasado. Preocupo-me...
       Achei que deveria acalmar sua aflição.
--Normal. Estes voos longos sempre se atrasam.
--Ela é marinheira de primeira viagem, sabe ? Eu tenho medo, entende ? !
       E não me deu tempo para dizer nada e foi continuado.
--Sabe ! Eu adoro ela. Gosto muito mesmo. Espero que ela, também, goste de mim...
    Ele tinha seus quarenta e poucos anos, alto, espadaúdo.  Estava atribulado demais.
       Arrisquei um consolo cortando seu monólogo.
--Claro que ela gosta de você, ora. Se não gostasse não te namorava.
--Conhecemo-nos pela Internet, sabe ? Faz um ano. Conversamos de uns tempos para cá diariamente. Temos até hora marcada. Sabemos muito um do outro. Amamo-nos.
--Mas...
       Ele interrompeu-me tal sua ansiedade e continuou a falar.
--Eu adoro ela. Eu quis ir lá. Mas ela preferiu vir aqui. Eu a conheço todinha, você entende, né ?
       Não entendia não, mas o cidadão não parava. Não dava tempo para dizer nada.
--Ela diz que gosta de mim, mas não sei quando chegar aqui e ver-me. Você entende, né ?
       Eu não entendia não, mas ele continuava sem que me desse tempo para dizer nada.
--Eu queria trazer-lhe rosas, mas pensando nas malas dela achei que não devia....

HOMEM AO CELULAR

       O celular dele tocou. Atendeu. 
       Parou de falar e somente ouvia.
       Ouvia, ouvia e foi ficando pálido, depois vermelho e não dizia nada.
   Quando muito resmungava um “sei”, “sim”, “claro”, “pode ser”, “talvez”...
    Os autos falantes do aeroporto anunciaram a chegada do voo de Lisboa.
       Preocupado eu o olhava.
       Cada vez eu entendia menos.
       Ao final de uns 15 minutos ou mais, desligou o celular, olhou-me sem me ver e ouvi apenas uma espécie de grito rouco e ele olhando perplexo para o celular desligado. Estava em fúria.

HOMEM GRITANDO NO CELULAR DESLIGADO

--Filheeeeee..... da putaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Ela não veeeeeeio.........
       Levantei rapidinho de onde estava sentado e sumi na multidão. Só parei quando estava a um quilômetro do local dos fatos. 
       J. R. M. Garcia.