BOTEQUEIROS
Na crônica anterior, “BOTEQUEIROS”,
recebi vários e-mails.
Alguns afirmando que sou um dos
“botequeiros”, tal meu conhecimento sobre a questão. Outros acharam-me muito
radical e, ainda, vários elogiaram-me afirmando que, com essa crônica, levo
juízo a familiares ridicularizando os bêbados e evitando-lhes danos.
Somente os primeiros parecem certos.
FÓRUM DE ITUVERAVA
Este fato leva-me a épocas remotas,
muitos e muitos anos atrás.
Quando tomei sobre patrocínio a maior
ação que até então me submeteram à apreciação. O Juiz, após uma semana, lavrou
o despacho circunstanciado, dando minha Ação proposta como inepta por não ter
descrito bem os fatos e que não formulara as razões do requerimento. Vergonha
era pouca para mim. Nunca, jamais, na vida vi um outro despacho tão violento,
tão terrível. Nem sequer o MM. Juiz
concedera-me a oportunidade de emendar a inicial com maiores esclarecimentos,
fato normal.
Este Juiz era de Ituverava, a questão era
sobre uma propriedade imobiliária às margens da Anhanguera de alto valor, seu
nome é Pupullin, pessoa gentilíssima, muito educado, hoje aposentado.
E, além do mais, as custas e honorários
pesados recairiam sobre meu cliente. Fiquei doente, desorientado, triste, com a
alternativa de deixar a profissão já em seu nascedouro.
JOSÉ FREDERICO MARQUES
Desesperado procurei o famoso jurista, o
eminente e inigualável Professor José Frederico Marques, com 17 obras publicadas, jurista eclético,
cuja vida e obra rompeu as barreiras entre as Ciências Penais e Civis.
Ele pediu para ver a sentença. Leu-a uma única vez.
Após um curto silêncio falou: “Interessante ! A extensa sentença delineou
detalhadamente os fatos, as razões do pedido e o próprio pedido. Como é
possível que quem laborou esta sentença não tenha entendido a ação se
explicitou-a na sentença de forma meridiana”.
Seu parecer foi brilhante, como qualquer obra sua. A ação teve ganho
de causa no Tribunal.
BAR CHEIO DE GENTE
Aqui, tomando a sábia lição do Professor e Jurista Frederico Marques
sobre a atroz sentença, é certo que,para descrever como descrevi a bebedeira,
certamente devo conhecê-la a fundo. Não há como negar. É verdade. É preciso enfrentar de frente a questão.
Quando estudante frequentei não uma, mas milhares de bebedeiras,
serestas, brigas e muita coisa mais. E certamente, agora, emendarão novas
perguntas: “Se fez, por quê demoniza os
que fazem ?” A estes sim tenho que responder. Se escapei com vida devo-o a
Deus.
BÊBADO TEM DE TER TALENTO
Qualquer um pode beber. Todos. Mas a bebida é proibida aos que não
sabem apreciá-la.
Eu não sei beber e, por isso, deixei.
Muitos, como eu, não sabem beber e entulham a “botecaria”, enchendo
o saco de garçons, perdendo-se nos papos infindos, quebrando objetos,
discutindo, ficando nervoso, tornando-se intolerantes e intoleráveis. Enfim, deixando alter ego fora do bar.
Estes são proibidos de beber, pois de pessoas gentis tornam-se em
outra personalidade que ninguém conhece bem.
Esta é a razão de conhecer o “metier” e, no entretanto, não fazê-lo
por não saber trafegar no meio. E, como afirmou Heinrich
Karl Bukowski, poeta, contista e romancista de origem alemã, criado nos Estados Unidos: “...para beber somente podem os que possuem
muito talento”. Obviamente não tenho.
Quanto ao radicalismo firmo-me no ambiente geral que, se agrada aos
bêbados, não se agrada aos são.
Amigos, hoje é sexta feira. Já pensaram ! O melhor dia da semana.
Tenham uma ótima sexta.
Abraços.
J. R. M. Garcia.