sábado, 19 de janeiro de 2013

A DESPEDIDA

ESTE    BLOGUEIRO

     Calados, pai, o menino e mãe andaram, uma última vez, pelo jardim interno do edifício, através do pátio, indo até a piscina e subiram uma alameda de velhas casuarinas. Entardecia. Quase noite. O vento soprava um lânguido rogo de súplica nestas árvores tristes. Os três passaram pela diretoria e, pai e mãe, despediram-se do reitor. Cruzaram os pórticos da ampla saída.
    A hora havia chegado. Dois dias haviam-se passado. Tinham de dizer adeus.
       Com um abraço muito apertado, estremo mesmo, quase a tirar-lhe o fôlego, o pai despediu-se. A mãe, de olhos úmidos mas firmes, abraçou-o também. Ele ficou parado, estático, vendo-os irem através do grande portão de ferro pela rua afora até que, bem longe, vê os dois vultos virarem a curva no último quarteirão. Eles não olharam para trás. Não podiam olhar. Suas almas estavam oprimidas, contritas, não podiam conversar e o pai, em silêncio, caiu em lágrimas em choro convulsivo.

PORTÃO DA SEPARAÇÃO 

        Permitiu-se que ali, escorado no enorme portão  trancado, o filho ficasse a ver agora a rua deserta até que a noite sobreveio de todo. A escuridão termina a despedida.
     Sua infância morrera ali debruçado naquele enorme portão. Bagas grossas de lágrimas rolavam-lhe pelo rosto, tal qual acontecera a seu pai mais além. Nunca mais aquele menino de treze anos voltaria ver os pais. Um período de sua vida terminara. Veria sim outras vezes, mas como aquele menino que era, nunca mais.
        Voltaria um dia. Voltaria de ano a ano. Mas nunca mais seria o mesmo. Nós mudamos. Todos mudam.
        Jamais o filho voltou para  casa paterna. Em um instante outro universo surge e o filho amalgama-se a este sem perder na lembrança o passado...mas tudo já era diferente.
        Que sentença foi essa ?
        Que  tormento foi esse ?
        Que  fatalidade se bateu sobre os três ?
      Não se sabe. Ninguém nunca foi capaz de explicar.
        O filho nunca mais voltou.
       As vezes passeava pela casa paterna, mas nunca mais retornou.
        Uma boa segunda feira Amigos.
        J. R. M. Garcia.