domingo, 3 de fevereiro de 2013

AINDA, FILHOS

ORÁCULO DE DELFOS (GRÉCIA) 

Preciso, ainda uma vez, voltar ao tema da crônica de domingo, FILHOS.
Recebi muitos e-mails sobre a questão. 
Já sabia, antes, que seria um tema polêmico, difícil, intrigante e de pouca visibilidade quanto a esta difícil missão pela qual muitos de nós passamos. 
Pobres e ricos, sábios e ignorantes, cultos e incultos, inteligentes e burros, socialmente representativos e humildes, da roça ou da cidade, todos temos dúvidas, receios e guiamos com cautela nossas atitudes no que concerne ao acompanhamento de nossos filhos.
SÓCRATES 
Na crônica anterior, a única maneira que encontrei de colocar a questão sob um prisma mais ou menos universal, foi citando Sócrates.( Atenas, c. 469 a.C. - Atenas, 399 a.C)
Todos nós sabemos e conhecemos o processo a que foi este Filósofo submetido na Grécia antiga, pelo Tribunal dos 500, vindo a ser condenado à morte. Sócrates, acusado de “corromper” a juventude, é levado ao Superior Tribunal grego para que fosse julgado. Na verdade, o que ali se entendia como “corromper”, pouco mais era do que a ideia pacifista de Sócrates, envolto em um mundo militar e expansionista. Em sua defesa ele, já sabendo de sua prévia condenação, invoca o que estava gravado nos pórticos do respeitadíssimo Oráculo de Delfos: ”Conheças a ti mesmo”.
INFÂNCIA  ÚTIL

E por quê insisto aqui neste texto ?
No “conheça a ti mesmo”.
Por ser pragmático e universal.
Ninguém pode pretender conhecer nada a não ser que parta de seu autoconhecimento. Os próprios animais irracionais, instintivamente, começam conhecendo-se no ninho. Se é ave, peixe, quadrúpede, réptil, bípede etc.
Quanto ao ser humano, com certeza, no berço já este processo começa a desenvolver-se. Dá-se que, pelas influências de nossos educadores, pais e Sociedade em geral, tumultuam nossa cabeça. Nela querem que sejamos isso e aquilo, sábios, ricos, triunfantes, vencedores, lutadores, consumistas, cheio de sucesso etc.
Mas, e se nada disso desejarmos ?
Pronto. Aí o carro pega.


DESAFIO


Mas o pior de tudo, é que na moderna linguagem, todos usam e, quanto mais usam mais se alastra, que tudo neste mundo é um “desafio”. Parece que o ser humano nasce e morre em busca de desafios.              
Estranho este novo linguajar.
Isso sem falar das modelos que, magérrimas, sofrem doenças; das próteses não corretivas de muitas formas. Inclusive uma prótese horrível de se passar, é quando se quebram literalmente as pernas para que, no imobilismo, as mesmas voltem a emendar-se para darem as tíbias cinco centímetros a mais. E fazem. E pagam para isso fazer.


Ninguém, jamais, conhecerá a si mesmo. Esse é o ideal de um Oráculo. Mas, quanto a tentar conhecer-se e daí então procurar seu lugar neste mundo, deveria ser um lugar comum na educação de todos.
Nos portais de todas escolas do planeta, na entrada de todas cidades, o “conheça-se a si mesmo”, deveria ser a primeira norma. Dali derivará sua educação, seus pendores, suas vocações. E, também, obviamente suas disponibilidades para tanto.
E nada de desafio. O desafio é ser feliz. Quem sentir-se feliz tentando desafiar-se, que opte livremente a isso.
Uma ótima segunda feira, Amigas(os).