ORÁCULO DE DELFOS (GRÉCIA)
Preciso,
ainda uma vez, voltar ao tema da crônica de domingo, FILHOS.
Recebi
muitos e-mails sobre a questão.
Já
sabia, antes, que seria um tema polêmico, difícil, intrigante e de pouca
visibilidade quanto a esta difícil missão pela qual muitos de nós passamos.
Pobres e
ricos, sábios e ignorantes, cultos e incultos, inteligentes e burros,
socialmente representativos e humildes, da roça ou da cidade, todos temos
dúvidas, receios e guiamos com cautela nossas atitudes no que concerne ao
acompanhamento de nossos filhos.
SÓCRATES
Na
crônica anterior, a única maneira que encontrei de colocar a questão sob um
prisma mais ou menos universal, foi citando Sócrates.( Atenas, c. 469 a.C. - Atenas, 399 a.C)
Todos
nós sabemos e conhecemos o processo a que foi este Filósofo submetido na Grécia
antiga, pelo Tribunal dos 500, vindo a ser condenado à morte. Sócrates, acusado
de “corromper” a juventude, é levado ao Superior Tribunal grego para que fosse
julgado. Na verdade, o que ali se entendia como “corromper”, pouco mais era do
que a ideia pacifista de Sócrates, envolto em um mundo militar e expansionista.
Em sua defesa ele, já sabendo de sua prévia condenação, invoca o que estava
gravado nos pórticos do respeitadíssimo Oráculo de Delfos: ”Conheças a ti
mesmo”.
INFÂNCIA ÚTIL
E por
quê insisto aqui neste texto ?
No “conheça
a ti mesmo”.
Por ser pragmático
e universal.
Ninguém
pode pretender conhecer nada a não ser que parta de seu autoconhecimento. Os
próprios animais irracionais, instintivamente, começam conhecendo-se no ninho. Se é ave,
peixe, quadrúpede, réptil, bípede etc.
Quanto
ao ser humano, com certeza, no berço já este processo começa a desenvolver-se.
Dá-se que, pelas influências de nossos educadores, pais e Sociedade em geral,
tumultuam nossa cabeça. Nela querem que sejamos isso e aquilo, sábios, ricos,
triunfantes, vencedores, lutadores, consumistas, cheio de sucesso etc.
Mas, e
se nada disso desejarmos ?
Pronto.
Aí o carro pega.
DESAFIO
Mas o
pior de tudo, é que na moderna linguagem, todos usam e, quanto mais usam mais
se alastra, que tudo neste mundo é um “desafio”. Parece que o ser humano nasce
e morre em busca de desafios.
Estranho
este novo linguajar.
Isso sem
falar das modelos que, magérrimas, sofrem doenças; das próteses não corretivas
de muitas formas. Inclusive uma prótese horrível de se passar, é quando se
quebram literalmente as pernas para que, no imobilismo, as mesmas voltem a
emendar-se para darem as tíbias cinco centímetros a mais. E fazem. E pagam para
isso fazer.
Ninguém,
jamais, conhecerá a si mesmo. Esse é o ideal de um Oráculo. Mas, quanto a
tentar conhecer-se e daí então procurar seu lugar neste mundo, deveria ser um
lugar comum na educação de todos.
Nos portais
de todas escolas do planeta, na entrada de todas cidades, o “conheça-se a si
mesmo”, deveria ser a primeira norma. Dali derivará sua educação, seus
pendores, suas vocações. E, também, obviamente suas disponibilidades para
tanto.
E nada
de desafio. O desafio é ser feliz. Quem sentir-se feliz tentando desafiar-se,
que opte livremente a isso.
Uma
ótima segunda feira, Amigas(os).