IMAGEM DA FELICIDADE
Comecemos do
princípio.
Felicidade o quê é
?
É difícil definir, rigorosamente, a felicidade e sua medida.
Investigadores em psicologia desenvolveram diferentes métodos e
instrumentos, a exemplo do Questionário da Felicidade de Oxford, para medir o nível de felicidade de um
indivíduo.
Mas, de uma maneira geral, bem aquém e além destas definições cientificas,
filosoficamente sirvo-me, ainda, das sumulas da Grécia antiga.
“A felicidade é um estado
durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o
sofrimento e a inquietude são transformados em emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento
até a alegria intensa ou júbilo.”
Mas, dito assim, como fazer permanecer este “estado durável de plenitude,
satisfação e equilíbrio físico e psíquico” ?
MÁGICO
Esta é a mágica.
Concordam ?
Que mágica seria essa ?
Tenho para comigo e muitos poderiam discordar, que a média de permanência
neste estado de felicidade segundo o ideal grego, está na medida exata da
resignação e da renúncia.
Mas, quando aqui falo da resignação e da renúncia, falo de forma absoluta
sem relativismos.
A renúncia e a resignação há que ser ativa, transcendente, capaz de
consumir todos sentimentos menores como a inveja, a cobiça do alheio, a
propugnação de luta, a busca da fortuna, de cargos, o apascentar mesmo do
espírito em busca de um novo renascer no fundo de nosso espírito.
Exemplificando.
ALEXANDRE E DIÓGENES CONVERSANDO
Quando Alexandre Magno
voltou de uma de suas inumeráveis conquistas, não vendo entre os sábios que o
louvavam a pessoa do Filósofo Diógenes, foi, no dia seguinte, visitá-lo.
Diógenes morava nos arredores da cidade em uma barrica, inteiramente despojado,
à moda de um mendigo. Mas Alexandre, que teve como preceptor o então outro
famoso filósofo, Aristótales, que o conhecia, foi visitá-lo.
Transcorre o imortal curto
diálogo.
--Ontem retornei de mais uma de minhas enumeráveis
conquistas. Entre todos os dignatários e expressivas figuras de Atenas, não vi
você, Diógenes. Imaginei-o doente, talvez, e venho indagar o que posso fazer
por você ?
Diógenes, deitado como
estava, aos pés das patas do cavalo ajaezado de lindas roupagens e reluzentes
metais de campanha, ergue a cabeça, olha Alexandre que desmontare-se, com sua
guarda pretoriana a rodeá-lo. Olha o mar e, em seguida, com seu natural cinismo
responde:
--Gostaria, jovem e impávido guerreiro, que
afastasse um pouco seu cavalo, pois está a sombrear-me do sol que tanto amo
nestas manhãs invernais.
Todos calaram. Alexandre, ao
que consta, ficou rubro de cólera. Todos tencionaram-se em um desfecho cruel
para os destinos do pobre Diógenes. Seria a morte instantânea. Após alguns
minutos de profundo silêncio, responde com uma gargalhada, Alexandre:
--Se eu não fosse Alexandre, eu gostaria de ser
Diógenes.
ALEXANDRE MAGNO
E ainda sorrindo, disse entre dentes, baixinho: “Que
linda lição este velho rabugento deu-me.”
Esporeando o cavalo disparou
rumo a sua fortaleza.
Para a História ficou o diálogo eterno.
É desta renúncia resignada,
que aqui a lenda e a verdade se encontram, onde reside a esperança da
felicidade permanente.
Resignação com renúncia, é o
estado de felicidade que em Diógenes existia e Alexandre, o Grande,
compreendeu.
Tenham uma ótima terça feira
amigas(os)
J. R. M. Garcia