domingo, 19 de maio de 2013

=RESIGNAÇÃO=

RESIGNAÇÃO 

Perdoem-me os que não concordarem.
E eu digo para os muito inteligentes, os nem tanto, ricos, pobres, ousados ou não, vitoriosos e derrotados, ambiciosos ou poucos ambiciosos, felizes, infelizes, alegres e tristes...
O que digo ?
Digo clara e objetivamente que o pouco de felicidade que podemos ter neste pequeno planeta, volteando uma estrela de quinta grandeza, existe -se de fato existe- na atitude simples, simplória até, da concepção psíquica na resignação. A melhor conceituação que encontrei foi essa: "A resignação, ou ainda aceitação, na espiritualidade, na conscientização e na psicologia humana, geralmente se refere a experienciar uma situação sem a intenção de mudá-la. A aceitação...nem necessita que a situação seja desejada ou aprovada por aqueles que a aceitam.”

ALEXANDRE CHEIO DE GLÓRIA RETORNANDO A GRÉCIA

Tomemos o gesto lendário de Diógenes frente a Alexandre Magno, na Grécia antiga.
Consta que tendo Alexandre conquistado o mundo civilizado de então, volta à Grécia. Ali recebe de todos sábios, pensadores, ricos, políticos, magistrados, figuras exponenciais da sociedade, reverências e comendas. Mas um deles não estava ali: Diógenes. Reconhecidamente um filósofo expressivo, que Alexandre muito admirava, não estava na comitiva dos festejos de reverências.

 ALEXANDRE ENCONTRA DIÓGENES

Dia seguinte Alexandre vai até a humilde choça onde Diógenes morava na praia, em um logradouro afastado da cidade. Encontra-o deitado tomando sol.
Alexandre chega com sua guarda pessoal, em desabalada carreira, até o humilde casebre de Diógenes. Diógenes continua deitado. Em um misto de surpresa e desalento, Alexandre se dirige a ele:
--Que me diz, Diógenes ?
       Silêncio.
--Bem sabe que levei até as fronteiras do mundo as conquistas da Grécia. Admiro você. Mas entristeço-me ao vê-lo nesta vida miserável. Diga-me o que posso fazer por você ? -indaga o maior Imperador que o mundo conheceu até então-
 E Diógenes, em um pequeno gesto e com algum desdém mal disfarçado, responde:
--Afaste-se um pouco do sol para que não me impeça com sua sombra de tomá-lo em meu corpo.

ALEXANDRE  IRRITA-SE COM DIÓGENES

Alexandre franze o cenho. Enrubesce. Sente-se ofendido na atitude inusitada de Diógenes. Sua guarda pretoriana aproxima-se mais daquele pobre que ousa escarnecer do senhor de todos os senhores. Todos aguardam um trágico desfecho. Por um fio o filósofo estava da morte violenta. Os áulicos já tinham na mão o copo das espadas.
Alexandre, assustando a todos, sorri. Sorri e vai logo para uma gargalhada sem par. Era, afinal, um grego.
E, montando sua sela, diz em voz alta para o velho Diógenes, que também já agora gargalhava:
--Se eu não fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes.
Afinal, como nem na tragédia os gregos choram, ambos separam-se gargalhando.
 Esta é a alegre resignação de que falo.
 Sem tirar nem por.
 Direi mais depois.
 Uma ótima semana para todos.
 Abraços.
       J. R. M. Garcia.