terça-feira, 14 de maio de 2013

SOMOS TODOS COADJUVANTES

           







                              
                            
   ATORES  COADJUVANTES

Depois de uma longa conversa telefônica com uma amiga, esta afirmou ao seu final, que todos somos apenas e tão só coadjuvantes da vida de terceiros.
              Fiquei surpreso.
  Somos amigos há muitos anos. Ela vem de uma formação cultural muito piedosa e cheia de compaixão. Mais por isso foi que surpreendi-me.
              O que vem a ser este palavra ?
       “Coadjuvante. Aquele que coadjuva, ajuda, concorre para um fim comum. Quer dizer, aquele ator(a) que participa da cena e está ligado(a) direta ou indiretamente com o papel do protagonista. Ator que interpreta papeis secundários.”
    Após pensar, meditar sobre sua assertiva, minha surpresa inicial passou a um grau de plena aceitação objetiva do termo.
       Em um certo sentido sua observação é, realmente, um fato simples de constatar.
       Afinal, quem vive em mim ?
     Certamente minha vida é minha e de mais ninguém. Posso fazer dela uma meta que está fora de mim, mas na verdade a vida pertence-me, tenho de qualquer forma de vivê-la. Sem a vida não me habito.
       Se assim sou eu, também o sou para mim próprio. Não posso renunciar a vida, exceto em circunstâncias muito particulares.
       Desta constatação vem-me a conclusão que todos são deste modo. Todos vivem em si, mesmo que ainda fora de si.
       Vivo em primeiro lugar para mim próprio com todas as circunstâncias que me rodeiam. Sou de minha vida o ator principal. E os que estão fora de mim são, também, os atores principais de suas próprias vidas.
     Fica-me evidente, por óbvio, que cada um é o autor/ator de sua vida. O que posso é tão só ou auxiliá-lo ou não em sua própria trajetória neste mundo. A estimulá-la ou não. A aprová-la ou não. Querê-la ou não. Isso por mais que ame a outra pessoa não posso viver sua vida e nem devo desejar isso. Seria absurdo.

TEXTO IMORTAL DE EXUPÉRY

       Deste modo, em rápidas palavras, devo negar o sentido daquele que se empresta as palavras do extraordinário pensador  Antoine de Saint-Exupéry: "TU TE TORNAS ETERNAMENTE RESPONSÁVEL POR AQUILO QUE CATIVAS."

 Antoine de Saint-Exupéry

     Nem por um minuto este texto acima é válido. Que me perdoem os admiradores Exupéry, pois na verdade somos da vida do outro apenas coadjuvantes. Só.
       Assim, pois, não traga sobre si mesma(o) o peso da responsabilidade de faltar a aqueles que eventualmente tanto ama.  Não jogue sobre si o peso deste amor a evitar-lhes eventuais sofrimentos neste mundo.
    Lembre-se que da vida do próximo você não consegue ser senão mero ator coadjuvante.
       Nada mais.
       Uma ótima semana amiga(o).
       J. R. M. Garcia.