ATORES COADJUVANTES
Depois de uma longa conversa telefônica
com uma amiga, esta afirmou ao seu final, que todos somos apenas e tão só
coadjuvantes da vida de terceiros.
Fiquei
surpreso.
Somos amigos há muitos
anos. Ela vem de uma formação cultural muito piedosa e cheia de compaixão. Mais
por isso foi que surpreendi-me.
O
que vem a ser este palavra ?
“Coadjuvante. Aquele que coadjuva, ajuda, concorre para um fim comum.
Quer dizer, aquele ator(a) que participa da cena e está ligado(a) direta ou
indiretamente com o papel do protagonista. Ator que interpreta papeis
secundários.”
Após pensar, meditar
sobre sua assertiva, minha surpresa inicial passou a um grau de plena aceitação
objetiva do termo.
Em um certo sentido sua
observação é, realmente, um fato simples de constatar.
Afinal, quem vive em mim
?
Certamente minha vida é
minha e de mais ninguém. Posso fazer dela uma meta que está fora de mim, mas na
verdade a vida pertence-me, tenho de qualquer forma de vivê-la. Sem a vida não
me habito.
Se assim sou eu, também
o sou para mim próprio. Não posso renunciar a vida, exceto em circunstâncias
muito particulares.
Desta constatação vem-me
a conclusão que todos são deste modo. Todos vivem em si, mesmo que ainda fora
de si.
Vivo em primeiro lugar
para mim próprio com todas as circunstâncias que me rodeiam. Sou de minha vida
o ator principal. E os que estão fora de mim são, também, os atores principais de suas próprias vidas.
Fica-me evidente, por
óbvio, que cada um é o autor/ator de sua vida. O que posso é tão só ou
auxiliá-lo ou não em sua própria trajetória neste mundo. A estimulá-la ou não.
A aprová-la ou não. Querê-la ou não. Isso por mais que ame a outra pessoa não
posso viver sua vida e nem devo desejar isso. Seria absurdo.
TEXTO IMORTAL DE EXUPÉRY
Deste modo, em rápidas palavras, devo negar o sentido daquele que se
empresta as palavras do extraordinário pensador Antoine de Saint-Exupéry: "TU TE TORNAS ETERNAMENTE RESPONSÁVEL POR AQUILO QUE CATIVAS."
Antoine de Saint-Exupéry
Nem por um minuto este texto acima é válido. Que me perdoem os
admiradores Exupéry, pois na verdade somos da vida do outro apenas
coadjuvantes. Só.
Assim, pois, não traga
sobre si mesma(o) o peso da responsabilidade de faltar a aqueles que
eventualmente tanto ama. Não jogue sobre
si o peso deste amor a evitar-lhes eventuais sofrimentos neste mundo.
Lembre-se que da vida do
próximo você não consegue ser senão mero ator coadjuvante.
Nada mais.
Uma ótima semana
amiga(o).
J. R. M. Garcia.