quinta-feira, 8 de agosto de 2013

=FOI ASSIM=

=FRONTEIRA BRASIL E URUGUAI (LIVRAMENTO - RIVERA)=

Muitas décadas se passaram.
Era noite. Sexta-feira. O mês, junho. O ano, não me recordo.  Fazia frio e, no céu, uma luona deste tamanhão. Ventava.
Para mim, por terra, era a primeira vez que atravessava a divisa. Mas, por várias vezes, já  havia estado lá.
Agora, além do frio na pele, um outro friozinho diferente vinha-me lá bem no fundo do estômago que, depois, torna-se em dor ardente.
Era minha esperança que, pelas inúmeras visitas feitas à alfândega, pelo menos os escalões mais inferiores conheciam-me e, de mais a mais, foram constantes meus almoços com todos eles. Deveriam saber, pelo menos, o número de caminhões que passariam por ali, no horário já combinado. Mas, saber exatamente o que aconteceria ao não parar os veículos, isso ninguém poderia saber. A multa liquidava de todo em todo o negócio e, não parar, poderíamos levar tiros. Essa a alternativa. O investimento era esse. Era para isso que eu estava ali. Passar estes caminhões na noite fria, na fronteira entre Rivera e Santana do Livramento, sem tiros, prisões ou multas.

 GADO GIROLANDO

A carga eram vacas holandesas, puras de origem, (PO), vindas do Uruguai para iniciar, no Brasil, a criação de um gado misto. Os impostos eram, à época, punitivos. O governo brasileiro sempre quis ser sócio de todo infeliz empreendedor e, entrando sem a licença deste ladrão, ele pune. Evitar isso é  politicamente incorreto, mas perfeitamente ético e moralmente válido.
E assim, com uma moto à frente e outra atrás, comboiando os caminhões em péssima estrada de terra, lentamente, íamos em fila, com luzes apagadas, contornando o posto da alfândega para implantarmos o primeiro plantel do que se chamou, depois, o gado girolando.
Fomos felizes. Hoje este gado existe com este nome.
E foi assim.
Um abraço em todos vocês.
Ótimo fim de semana.
J. R. M. Garcia.