DOCE INFÂNCIA
Qualquer leitor, vendo o título da crônica, poderá perguntar: “E
daí? O que tenho eu a ver com este cara? Ele que sinta o quê quiser e não tô
nem aí...”
E, se assim é, por quê abordo este tema?
Simples.
Respondo a este amigo leitor:
Será que você nunca sentiu saudade de si mesmo? Nunca mesmo?
Nunca se viu, imotivadamente, em um pequeno campinho de futebol jogando bola;
em uma quadra de tênis; em um ônibus vendo a paisagem passar; em um carro
olhando um regato célere sob a ponte e pensou que já pescou, e gostaria de ali
jogar sua varinha infantil de pesca?
Não? Isso nunca aconteceu a você?
SAÍDA DE AULAS
Você nunca se viu menino ainda, mais mocinha(o), assistindo os alunos
saírem em algazarra da escola ao final da aula e sentiu-se entre eles?
Duvido sinceramente.
Isso são lembranças que fugidias nos assaltam quase como quadros
do inconsciente. É comum.
Mas esta semana, não inconsciente, mas consciente mesmo e com
fotos, deparei-me com um lance destes.
Perdi a carteira de motorista e fui tirá-la em uma repartição.
E lá veio a foto.
É de se rir. Um horror!
Não gostei do que vi.
A foto de um indivíduo atônito, obstúpido, pasmado,
embasbacado,
feio, velho, rugas profundas. Eu não restituiria a carteira para alguém tão
feio.
Como há muito não tirava
foto três por quatro, fiquei horrorizado.
Mas, de algum modo,
bestificado ou não, ainda estou vivo.
E quem diz que isso não
poderá acontecer a você meu amigo?
Por isso a crônica.
Entendeu?
Amanhã é sexta e, depois,
um ótimo fim de semana para você.
Abraços.
J. R. M. Garcia.