A herança cultural de um povo não é fato que se
muda de um dia para outro e, tão pouco, tarefa que possa ser realizada por um líder
eventual de plantão, ou uma eleição circunstancial. Creiam-me. Não é assim.
Para
susto geral de todos brasileiros, as praças e ruas deste país encheram de gente
o ano passado em marchas de protesto. Por outro lado, Joaquim Barbosa no STF,
balançou as bases do judiciário fazendo cumprir a constituição, levando para o
complexo penitenciário da Papuda, políticos de renome nacional a cumprir
sentença de re-educação. E o voto aberto deu surgimento no plenário de ambas
casas, na cassação dos deputados pelos seus pares. Em seguida denuncias espocaram
contra políticos em todo país.
Tudo
isso foi um enorme avanço no sentido da evolução democrática. Em ciências
jurídicas fala-se mesmo em uma cadeira jurídica própria ao assunto: O Direito
de Transição.
Mas -
será que sempre existe um “mas”? -
“Mas”, a evolução cultural
não se dá aos saltos. É lenta. Aos pulos somente se consegue aleijões. Cultura é, antes de tudo, matéria do
inconsciente coletivo. Não pertence a racionalidade, onde nosso cérebro poderia
acionar. É
o que disse Pascal, o pai do racionalismo: “O coração tem razões que a própria
razão não compreende.”
A cultura pertence ao nosso coração. Que a isso respondam os proprietários dos
hotéis, roubados em toalhas e até cortinas na saída dos hospedes. Os
responsáveis pela limpeza de banheiros públicos. Na manutenção de residências
de deputados federais, quando não são reeleitos. Dizem que roubam até
torneiras, espelhos e vai por ai. E estes são deputados federais, nossos
representantes em Brasília.
Logo,
este ano que se inicia não apresentará grandes novidades.
Sem
paixão. Pode não ser o que merecemos, tão pouco o que desejamos, mas é o que
podemos. Não conseguiremos mais do que uma inflação crescente, dissimulada por
uma “contabilidade criativa”; o dólar subsidiado subirá um pouquinho; o
transporte coletivo será o mesmo; os assassinatos os mesmos 50.000 anuais; o
sistema de saúde inoperante; as estradas péssimas; os orçamentos municipais
estourados; a União aumentando os ministérios na “compra de votos” com
empregos, etc. etc.
Enfim
tudo igual, seja com Dilma ou de outra forma.
Mas,
passado estes períodos que levarão décadas, o Brasil apresentará alguma melhora
cultural.
Contudo
o Brasil não é tudo em nossas vidas.
Um excelente 2.014 a todos.
Abraços.
J. R. M. Garcia.