Eu sei, você sabe, nós todos
sabemos.
O problema do Brasil é,
antes de tudo, cultural.
De nada adianta uma
pessoa intelectualizada, de modos supostamente nobres, cheia de trejeitos no trato
com seus semelhantes, atenta aos processos da etiqueta, de fala aveludada,
perfumada mas que, na verdade, é moralmente um bruto em seus gostos, suas
escolhas, seus apetites, suas opções. E isso tanto mais é, quanto mais este
indivíduo se faça para mimetizar sua suposta conduta anímica.
E, quando falo de cultura,
não quero dizer nada sobre educação ou comportamento cívico não. Quero dizer
muito mais. Estou falando daquele berço que vem da alma do ser. É aquela
espécie de pessoa que não sente sequer vontade de delinqüir, seja no que for.
Não é que a pessoa renuncie ou reprima o mal feito. Não. Ele realmente não
deseja e não quer o mal feito, seja no que for.
Afinal, o que é cultura?
É a somatória de nossos hábitos, costumes, crenças, símbolos,
valores, religião, lendas, mitos, enfim todos os padrões
de comportamento e atitudes que delineiam nosso modo de ser.
Deste modo, para que se defina o
padrão cultural nacional, é extremamente difícil senão impossível.
Em sendo assim, como não possuímos
qualquer traço cultural conhecido, toda eleição republicana é uma demonstração
realista do que somos. Se elegemos os piores, é porque eles nos agradam de
alguma forma. Os eleitos são nossos semelhantes. Senão iguais, são aqueles que
se parecem conosco.
Somente o tempo e muito tempo, será
possível uma definição de nosso trato cultural e, conseqüentemente, da mudança
na administração do Brasil.
Abraço a todos.
J. R. M. Garcia.