Alguém que já existiu em mim, morreu.
Fui e não sou. Épocas houveram, as quais distanciam-se no tempo
como sombras de um passado cada dia mais remoto.
Bom ou ruim não sei.
Na verdade, o fato real é que no afastamento deste espectro
percebe-se -sem de fato ter certeza- que fui o quê não sou, ou que, não sendo,
procuro o quê sempre fui.
Teria sido apenas uma imagem do que desejei ser?
Apenas uma vontade?
Uma espécie de ilusão que sonhei?
Fui uma mascara que nestes dias começo a abandonar.
Ou sempre fui de fato o que sou?
Por que, humildemente, partilho este fato com vocês?
Porque imagino que todos aqueles que realmente encontram de fato
sua alma - na verdade as vezes em
provecta idade - distanciam-se de si mesmo, encontrando algo que é bastante diferente do que na verdade se
é ou foi.
Creio que uma pessoa que não tem no espírito a evolução no
decurso do tempo, passando por transformações anímicas, vendo e encarando fatos
antigos como novos, tratando em sua alma estes enfoques que emocionalmente
antes não conseguia sentir, é pouco menos que um ser insensível e pouco
disposto a mutação. É como se sua alma estivesse parada no tempo.
Não sinto idênticas emoções nas mesmas manifestações artísticas,
na lógica dos raciocínios exatos, nos parâmetros de proposições políticas e
sociais, no encarar os paradigmas éticos e, tão pouco, dos ideais que antes
cultivei, dos sonhos que outrora vi como possíveis, cabíveis e desejados.
Para um Blog não se recomenda textos longos.
Tenham um domingo abençoado.
Abraços.
J. R. M. Garcia.