Uma vez eu era um menino. Tinha ali por volta de cinco anos. Em
um monte de cascalho achei uma pedra verde. Para mim ela era linda. Pensei em
presenteá-la a uma pessoa muito querida. Esperei com ansiedade que esta pessoa
viesse a hora do jantar. Com as mãos no bolso, com os dedinhos de criança acariciava
a linda pedrinha verde; lizinha. Presenteei esta pessoa. Qual não foi minha
tristeza ao ver em suas faces a decepção e enfaro. Depois encontrei a mesma pedrinha jogada ao
acaso em um canto do pequeno jardim.
De outra feita, no primeiro emprego que exerci por volta dos dez
anos, com O primeiro salário que ganhei, comprei um broche de falsas pedras
azuis para minha mãe. Mais tarde, tendo ela guardado o mimo, vi que o broche se
enferrujara e não valia nada. Latão tosco e sem valor algum. E fiquei com
vergonha dela ter guardado aquilo.
Duas decepções horríveis, penso eu.
Dois presente idiotas, aleijados, inexpressivos e deprimentes.
Hoje tenho horror ao receber presentes e não sei nem o por quê. E
dá-los, também, deixa-me terrivelmente acanhado.
E assim, pela vida -não a minha, mas de todos nós- vão se
somando alegrias e tristezas, dúvidas e certezas, ilusões e fantasias, amor e
ódio, quereres que não entendemos, ambigüidades que sombreiam momentos
iluminados, épocas em que imaginamos que tudo é muito bom, quando na
verdade nada de bom existe.
Tenham um ótimo fim de semana. As sexta já está chegando.
Abraços.
J. R. M. Garcia.