quarta-feira, 26 de março de 2014

= VIVA A PREGUIÇA =


Meu sobrinho é advogado. Ele é trabalhador. Roda as comarcas destes brasis  levando varadas e jogando pedras em todas estas infelizes comarcas. Agora, em sã consciência, escandalizado, interpelou-me –advogado sempre interpela-  com a última crônica, reivindicando que esclarecesse "esta coisa" de louvar a preguiça.
Pois aceito a interpelação de meu querido e mui amado Sobrinho.
Repito.
Amo a preguiça em todos seus matizes.
Não consigo mentir em assuntos tão sérios.
Por quê louvo-a?
Realmente nunca vi, seja em que sentido for, uma idéia nova surgir na mente de um trabalhador inveterado.
Na Grécia, na Roma antiga e mesmo no Egito ou na Mesopotâmia, os filósofos e fundadores de grandes religiões e civilizações nunca trabalhavam. Quando muito meditavam em regime especial, mas sempre sossegados, sem a balburdia da sociedade que os rodeavam. Eram, muitas vezes, tratados a pão e mel.
Os criadores dos códigos, das leis, dos paradigmas que norteiam a Humanidade, são resultados de pessoas que se afastaram do labor cotidiano e colocaram-se a olhar para o alto e meditarem.
Aliás, há uma corrente antropológica, a qual afirma que o ser humano apenas galgou a evolução científica, quando foi capaz de manter uma classe pensante capaz de organizar seus rumos.
Sou, pois, contra o labor diário e imagino mais louvável a meditação preguiçosa, descompromissada, onde nasce a arte em todas suas manifestações, a física, as religiões etc.
Estou com os monges budistas gordões, gemendo seus mantras infindáveis à sombra de frondosas árvores centenárias.
Mas o assunto é muito extenso para a curta crônica de um Blog.
      Tenham um fim de semana abençoado. Já, já ele virá aí com as folgas de estilo. 
      Abraços.
      J. R. M. Garcia.