segunda-feira, 28 de abril de 2014

= DESNECESSÁRIO DISPENSÁVEL =



       Por óbvio, ainda não cheguei ao fim da vida.
      Isso deixa-me alguma experiência pessoal.
    Não sei em relação aos outros, mas tenho de mim para comigo que, ano a ano, dia a dia, vejo-me em constante rápida mutação.
      Intelectualmente por exemplo, noto que alterei sobre muitas perspectivas, pontos de vista, formas de encarar os acontecimentos e ocorrências aleatórias.
  Emocionalmente nem se diga. Aquilo que antes causava-me mágoa, tristeza, coração partido, alegria, felicidade vejo agora sob ótica diferente. Quanto não entendo nem tento explicar.
     A vaidade diminuiu muito. A busca de consumir quase  desapareceu. A reflexão aumentou. As preocupações limitaram-se à possibilidade de agir.
     Os planos mirabolantes e os ideais diminuíram no tempo. Ou melhor, pela falta de tempo.
      Os remorsos daquilo que não fiz e deveria ter feito, simplesmente é notado apenas como lembranças fugidias de épocas idas.
      A ambição é como se tivesse morrido.
      A busca de acomodação em todos os frontes de luta, é uma verdade que não consigo fugir.
  Tudo isso, porém, sem a busca de nenhum condicionamento. Apenas vai acontecendo ao longo da escada que desce rumo a não existência.
      Ruim isso?
      Não. Parece que apenas vou libertando-me de tudo que possa ser dispensável a esta minha última jornada. Darwin, talvez, explicaria esse caminhar de alterações rumo a novos rumos. Vou, aos poucos, esquecendo e despedindo do desnecessário por não ter mais razão de ser.
      Entendo que este sentir seja uma percepção normal do ser humano, tal qual os animais em seus últimos passos.  
      Amigas(os), aproveitem o feriadão que vem por aí.
      Abraços.

J. M. R. Garcia.