sábado, 26 de abril de 2014

= MEU TIO PACÍFICO=

Pacífico Garcia, já lhes apresentei na crônica anterior, foi meu tio avô.
    Vocês sabem como ele era. Não casou, não teve filhos, bebia, fumava, dava tiros, fazia poesias, namorador, muito curioso, inteligente, bem humorado, era oficial de justiça “ad hoc”, pessoa sem teto e que nunca quis teto. Ótimo cavaleiro de longas caminhadas pelo sertão destes brasis.  Morreu dormindo em provecta idade.
     Tenho certeza que se encontrasse Diógenes, o grego, teria críticas a fazer ao mítico filósofo. Pacífico acharia Diógenes muito careta e enquadrado. Se desta forma não visse o velho grego, opinaria que ele era sem humor.
      Aqui pensando. Como veria o Brasil atual, uma pessoa como meu tio?
      Pacífico nunca seria vítima do meio. Ele sempre pautou pela imersão no meio, mas, por dúvida, diria assim: “Somente coloco meu chapéu onde posso alcançar.”
      E, com um em leve balançar de ombros, deixaria o ambiente tal qual estava e seguiria seu destino.
   Se lhe perguntassem qual o seu destino, ele responderia que “nunca teve destino, apenas caminhava".
      Mas iria para onde?
    Para lugar algum. Contentava com a vida em si mesma e com o quê ela lhe desse.
      Isso era o bastante.
      Simples assim.
      Ainda voltaremos a falar aqui de Tio Pacífico.
      Tenham um fim de semana maravilhoso.
      Abraços gerais.
      J. R. M. Garcia.