Neste mundo tudo parece estar ruim demais.
Você pensa assim?
Então vou dizer o mundo que nasci.
Quando nasci, onde nasci, não tinha água encanada. Usávamos
cisterna.
Nenhuma rua da cidade era calçada. O asfalto mais próximo ficava
em São Paulo, a aproximadamente 600 km. Não
tinha iluminação nas ruas.
O fogão que tínhamos era o de todo mundo. À lenha. Gravetos eram
necessários para acendê-lo toda manhã e, depois, não o deixava mais apagar. A
lenha era de aroeira, rachada e em montes no quintal.
A luz elétrica existia, mas de uma usina movida à motor com uma
lampadazinha tão frágil que mais parecia uma pequena vela. Isso até as 21
horas, quando a energia elétrica era desligada e, então, usávamos lamparina a
querosene.
Não existia, nem forno a gás, nem chuveiro elétrico, nem
banheiro dentro de casa, nem liquidificador, nem nada movido a eletricidade. Pode
ser que estas modernidades já existissem no mundo, mas não ali em Minas Gerais
nos grotões.
Lanternas ainda não tinham sido inventadas.
Por óbvio não existia televisão, aparelho de som, telefonia
celular e o que mais lá seja.
Telefone, por incrível que possa parecer, já existia, mas poucos
e em ligações através de recados que as telefonistas transmitiam umas as
outras.
O rádio já existia com pouquíssimas transmissoras e muita
interferência.
Automóveis uns poucos “fordinhos” para a cidade toda.
E o mais importante: não existia antibiótico, esta mágica que
libertou o mundo da infecção. (“A produção industrial
começou nos Estados Unidos (EUA) no início da II Guerra Mundial “.)
Durante muitos anos vivemos deste modo, vendo o progresso ir
chegando devagar até que uma cidade de grotões transformou-se na nossa era.
Que tal viver assim, meu amigo?
Tenham uma semana abençoada.
Abraços.
J. R. M. Garcia