Você sabe,
todos sabemos, que é uma mentira deslavada que este país foi “descoberto” por
acaso. Foi nada disso não. Os portugueses sabiam há muito tempo da existência de
nosso território e prepararam, detalhadamente, a passagem da grande esquadra de
Cabral aqui indo para a Índia.
E desde
1.500 -nosso “descobrimento”- a
mentilharia é inaugurada em nossa História oficial.
D. João VIº
nunca teve intenção nenhuma de vir para o Brasil. Ele veio aqui fugindo de medo
das tropas de Napoleão Bonaparte e, pior, com a intenção de voltar, quando
Corso desocupasse Portugal. Lá, com sua fugida, morreram 300.000 súditos seus.
D. Pedro Iº,
português, criado no Brasil, realmente proclama a independência por si
planejada, mas sem abrir mão da coroa de Portugal. Imperador aqui e Rei lá.
Situação no mínimo estranha, bizarra, esdrúxula, confusa.
Mentiras,
aleivosias e mais embustes.
Vem a
República constitucional com D. Pedro IIº e uma monarquia sem tradição,
grosseira, inculta, sem erudição, de coronéis, como são os próprios títulos
absurdos desta mesma monarquia:...
E, de
mentira em mentira, caminhamos até hoje.
E aqui e
agora?
Nós, por
formação cultural, adoramos a farsa.
Nós fingimos
que existem instituições nacionais e que tudo vai bem; que estes movimentos dos
sem terra são normais; que a greve dos motoristas dos ônibus é sacanagem; que a
greves da polícia civil na maioria dos estados é barriga cheia; que a segurança
pública é eficiente; que a maior população carcerária do mundo é a nossa e tudo
está certo; que as greves dos professores é malandragem; que os 51.000
assassinatos por ano é normal; que existe um congresso nacional; que o poder
executivo, judiciário funcionam; que CPIs existem e trabalham; que as eleições
serão verdadeiras; que neste país oposição existe etc. etc.
Nós fingimos
acreditar nisso tudo. Os poderes constituídos, por seu lado, disfarçam que eles
acreditam na idoneidade de suas funções. E, assim, passamos a representar o
imenso teatro de nossa História que até aqui aconteceu. Eles dissimulam e nós
dissimulamos. Somos pouco mais que uma
peça mambembe de ópera bufa.
Mas isso que
pode transformar em uma tragédia. Ou não? Podemos viver assim mais 500 anos, talvez.
Na verdade adoramos
fantasias.
Uma boa
semana.
Abraços.
J. R. M.
Garcia.