BELÉM
Três vezes estive em Belém.
A primeira há muitos anos, no tempo em
que a finada Varig ainda operava esta rota. A segunda inaugurando o primeiro voo da Gol. E esta agora pela TAM. Sempre a trabalho.
Gosto de Belém. Gente dócil, gentil,
amável.
Mas desta vez assustei-me logo no
início.
Altas horas, já no aeroporto o
sistema de som avisa: “Bem vindo a Belém etc.etc. Tomem os táxis da cooperativa.
Os demais poderão estar sujeitos a furtos, seqüestros e demais infortúnios...”.
Isso em três idiomas.
No táxi vi que ninguém respeita os
semáforos e a coisa é ver quem chega primeiro no cruzamento.
Ao chegar topei com um duelo a
pedradas. De um lado um bando de usuários de craque. Do outro os seguranças engravatados
revidando do Hilton. A vontade dos “craqueiros” era quebrar vidraças do hotel
e atingir veículos.
Surpreso indaguei:
--Toda noite isso aqui é assim?
Com a maior simplicidade do mundo um
dos serviçais informou-me:
--Não. Nos sábados e domingos é que a coisa fica assim. Durante
a semana é uma ou outra pedrada.
No apartamento colidi com um sistema
de fechadura com três ferrolhos.
Talvez o único sistema usado pelo
Hilton em todo mundo, que a “segurança” é tanta.
Informei-me e disseram-me apenas: “Já
houve precedentes.”
Policiamento na cidade, até agora não
vi nenhum. Nenhuma viatura ou guardas.
Recomendaram-me para não andar a pé
nas ruas a noite.
--Andar a pé, na melhor das hipóteses, o senhor pode ser
assaltado.
Brinquei:
--E na pior?
Resposta seca.
--Ser matado.
E o nome irônico do centenário teatro da
cidade é “THEATRO DA PAZ”.
Tenham uma abençoada semana.
J. R. M. Garcia.