quinta-feira, 8 de maio de 2014

= SIMPLES ASSIM =


El       Ele era pobre; ela era pobre.
   Ambos comuns, prosaicos, infantis, novos, fortes, saudáveis e ela muito bonita.  
     Casaram-se.
   Lua de mel de “borrachudo”. Melhor explicando: de ônibus. Noite de núpcias em uma cidade próxima e, depois, São Paulo por três dias. A seguir Caraguatatuba, Bertioga, Santos.
   Já em Santos ela fez a feira e cozinhou alguma coisinha no apartamento alugado. Sempre cozinhou muito bem.
  Voltaram desta curta estada e ele mergulhou no trabalho. Parece que o dia era pequeno demais. É como se ele fosse morrer trabalhando.  
   Apartamento alugado, de duas unicas peças e uma minúscula cozinha que não tinham geladeira, pois mal podia caber ali uma pessoa. Quatro lances de escada que se subia de um só fôlego. Eram jovens.
    Ele a pé por dois anos. E ela sempre esperando que um dia comprasse um carro.
    E assim passaram os anos.
   Outras residências aconteceram, outros apartamentos, telefones, os filhos nasceram, cresceram, carros outros e o casal até que passou a viver.
  Encontrei outro dia por acaso este casal. Ele com cabeleira branca, passos cansados, meio devastado e ela magra e ainda com alguma pose.
    Felizes?
   Ah, isso não sei. Não perguntei, mas sei que ambos pareciam bem mais seguros, maduros e sóbrios do que as crianças que foram.
   Um fim de semana cheio de alegria para cada um de vocês.
    J. R. M. Garcia.