domingo, 25 de maio de 2014

= SOU UMA BESTA =

BAÍA  DO  GUAJARÁ

      Não?
      Confiram.
    Hoje domingo, dia sereno, hotel vazio de modo a deitar dormir, ver filmes, ouvir música, dar uma volta na feirinha da praça, nadar, tomar água de coco. Por aí.  
      Entendi de pensar ao contrário: “Vou às docas...”
      Fui.
   Muito interessante tudo ali. Várias lojas, um mini shopping, restaurantes, um pequeno museu náutico, fotos antigas dependuradas nas paredes. Almocei e fui ver o movimento dos barcos com grandes lanchas que zuniam por ali.
  Pensei: “Estas balsas devem fazer o movimento costeiro da cidade. Saem daqui, param em um bairro e voltam. Achei isso extremamente lógico. Como se fossem ônibus. Sem me informar, (Ah, santa estupidez !), tomei uma delas. E ela foi para baia afora. Sempre distanciando mais da cidade. Cada vez mais longe.
      Informei-me.
      O cidadão, espantado com a pergunta, disse-me:
--Esta balsa vai para Barcarena e Vila dos Cambos.
      Surpreso ainda fiz a estúpida pergunta:
--Como? Isso é outra cidade.
      Resposta seca
--Claro que é? Para que cidade os senhor quer ir?
--Quero ir para Belém.
      O dito cujo olhou-me como se eu fosse um lunático.
--De Belém é de onde você vem. Ôôôô !!!! Exclamou.
      E encarou-me realmente.
--Mas eu queria um barco para Belém, ora.
--Quê isso!  Tá tirano uma na minha cara, chapa?
      Nem tentei explicar. Resolvi mudar de lugar.
      Mais para o meio da imensa baia de Guajará, o barco começou a jogar. Maré enchendo. Sentados 115 e de pé o que Deus permitir. Uma senhora começou a vomitar. Uma outra criança de colo também. Mudei de lugar outra vez.
      E aí tudo piorou. Piorou e muito.
     Começou a chover. A ventar. A balançar aquele barco com uns vinte centímetros acima da borda d’água. Maré enchendo sempre. Todo mundo balançando. De pé alguns. Velocidade oito nós (30 km. por hora mais ou menos).  
      Por Deus, penso eu, chegamos até Barcarena. Uma cidadezinha de vinte mil habitantes.
      Mais quarenta minutos chegamos em Vila Cabanos.
      Fiquei na dúvida se embarcava de volta ou não.
    Desisti desta embarcação e peguei uma outra que vinha da ilha de Marajó. Mais veloz, mas tudo igual e, agora, já era noite. Chuva e vento, a mesma coisa.
     Quando vi as luzes de Belém, quatro horas depois, ao longe.....rezei para minha Padroeira.
      E o pior de tudo ainda não foi isso.
     Foi quando aqui no hotel, contando o quê passei para o  "maitre", ele me disse:
--Doutor. Quê isso! O senhor já não tem mais idade para estas coisas....
      Quase chorei.
      Tenham uma ótima semana.
      J.R.M.Garcia.