Carl Gustav Jung
Tudo indica que a humanidade
constitui-se em um ente portador de vida própria e, como tal, um ser
independente no planeta, individuado como um todo, próprio, definido por suas
características adequadas. Enfim, a humanidade é um ser vivo. Age, reage,
cresce, evolui, adoece, cura-se, trabalha e busca a vida da mesma forma que um
indivíduo procederia. Se um leão, um boi, um gato, um homem é uma unidade em si
mesmo, a humanidade também é idêntica. É, evidentemente, única.
A pessoa, o ser humano em si mesmo
como tal, é um ser formado por milhares de células que somos nós. Interagimos
por muitos processos peculiares, em uma rede bem mais complexa de intercâmbio
do que as células vivas dos corpos biológicos, dos quais somos formados. Umas
imensidões de células morrem a cada instante em nosso corpo físico e, outra
imensidão nasce de igual maneira.Tudo muito semelhante ao corpo social. Nem por
isso sofremos descontinuidade em nossa vida como um todo único, tal qual a
humanidade. Evoluímos do nascer até a morte, da mesma forma que provavelmente a
humanidade no seu todo morreria. Ou não, tudo dependendo de sua adaptabilidade
ao Universo e da evolução de si mesma, em organizar-se no planeta e dele
conseguir meios para a subsistência.
Tal qual a espécie
nascemos crianças e viemos evoluindo até hoje, trazendo em nossos corpos marcas
registrando esta evolução. Sejamos ou não descendentes de uma espécie de
macaco. De igual maneira, temos em nosso evoluir as marcas destas alterações
físicas. E é evidente que, se na formação de nossos órgãos temos sinais
indeléveis de nosso passado biológico, nada mais natural que, também, tenhamos
em nosso inconsciente estas mesmas marcas sob a forma primitiva de símbolos,
memórias ancestrais que somente habitam em nosso inconsciente.
E aqui faço
lembrança de que Jung, em sua genialidade, lembrou-nos e fez-nos ver que existe
um inconsciente coletivo, comum a toda espécie, com variantes grupais e
territoriais. Contudo, idêntico nesta memória da espécie. Jung e Freud
descobriram o inconsciente individual, mas foi Jung quem, sozinho, percebeu e,
afinal, provou a existência do inconsciente coletivo, dando, desta foram, uma
“alma” própria e específica a espécie humana.
Isso equivale a
dizer, de alguma outra forma, que a humanidade possui uma “alma”. Uma “alma”
individuada, diferenciada de todos demais gêneros da criação. Esta “alma da
espécie” não é mística, mas sim real, perceptível e identificável. E, também é
válido afirmar que nos bilhões de anos que nos antecederam neste planeta, as
espécies que não evoluíram são, exatamente, aquelas que atingiram seu ponto
máximo de evolução, estando de conformidade com o meio no qual vivem. Já o ser
humano não. Ele ainda não está adaptado ao planeta e, por isso, necessita de
maior índice de adaptação e transformação.
Mas, o que nos faz
ser assim desesperados por viver?
Exatamente nosso
instinto de conservação, o que equivale a dizer que a maioria de nós não deseja
sofrer dor e tão pouco morrer. A somatória disso impulsiona não unicamente a
humanidade para diante, mas sim leva toda a vida existente no planeta com o
destino á vida. Leva-nos também a perpetuarmo-nos sob a forma de descendentes.
Complicado estas
assertivas, não é?
Voltaremos ainda a
ela.
Abraços.
J. R. M. Garcia.