TUNICA
Tenho de interromper aqui as modestas ilações sobre Jung, para
trazer uma notícia de última hora.
Então.
Ela está voltando
do SPA. Domingo estará de volta.
Meu sossego
termina.
Ela, que é viciada
em engordar e emagrecer -famoso efeito sanfona-, agora, terei de submeter-me as
normas e regras de seus regimes.
Beber água no
míninmo de trinta em trinta minutos, deitar cedo, levantar cedo e ir andar,
comer de três em três horas, assumir postura nobiliárquica no assento, banhos
duas vezes por dia, fazer barba duas vezes por dia, observar as unhas se estão
cortadas (inclusive a dos pés), ver se não existem cravos pelo rosto, depilar
pelos faciais indesejáveis, corte de cabelos todas as semanas e, inclusive,
cremes faciais.
Fazer o quê?
Ela, ao que estou
informado, quer também fazer um SPA aqui na antiga pensão.
Tenho fé em Deus
que suas filhas, minhas sobrinhas, façam-na desistir desta idéia.
Mas, ela já tem
uma convicção formada.
Diz:
“Ao invés de
dirigir-me ao SPA, que ele se dirija a mim.”
Loucura?
Nem tanto. Esta
idéia até que é razoável, porque no último delírio que teve foi pular da Pedra
da Gávea em uma asa delta. E o pior foi que pulou e saiu viva apenas com uma
fratura na mão. E sabe como foi a fratura? De tanto esforçar-se para não
despencar da asa delta e cair como uma jaca na Mata Atlântica.
Chegou a pensar no
Everest, o que de todo em todo, loucura ou não, obrigaram-na a uma consulta ao
psiquiatra. E o pior é que estava convencendo ao psiquiatra de pular com ela.
Espero que tenha
deixado de beber. Pelo menos de beber tanto. De fumar sei que parou. Quanto a
emagrecer, fico a esperar a próxima internação em outro SPA ou converter isso
aqui em SPA com minha retirada para o Chuí.
Vamos ver. Vamos
ver. Vamos ver.
Tenho fé. Deus não
me abandonará aos riscos.
Espere ela chegar
que depois conto mais.
Abraços.
J. R. M. Garcia.