quinta-feira, 31 de julho de 2014

= TUNICA, A DONA DA PENSÃO, ESTÁ DE VOLTA =

TUNICA

   Tenho de interromper aqui as modestas ilações sobre Jung, para trazer uma notícia de última hora.
Então.
      Ela está voltando do SPA. Domingo estará de volta.
      Meu sossego termina.
      Ela, que é viciada em engordar e emagrecer -famoso efeito sanfona-, agora, terei de submeter-me as normas e regras de seus regimes.
    Beber água no míninmo de trinta em trinta minutos, deitar cedo, levantar cedo e ir andar, comer de três em três horas, assumir postura nobiliárquica no assento, banhos duas vezes por dia, fazer barba duas vezes por dia, observar as unhas se estão cortadas (inclusive a dos pés), ver se não existem cravos pelo rosto, depilar pelos faciais indesejáveis, corte de cabelos todas as semanas e, inclusive, cremes faciais.
         Fazer o quê?
      Ela, ao que estou informado, quer também fazer um SPA aqui na antiga pensão.
      Tenho fé em Deus que suas filhas, minhas sobrinhas, façam-na desistir desta idéia.
         Mas, ela já tem uma convicção formada.
         Diz:
         “Ao invés de dirigir-me ao SPA, que ele se dirija a mim.”
         Loucura?
     Nem tanto. Esta idéia até que é razoável, porque no último delírio que teve foi pular da Pedra da Gávea em uma asa delta. E o pior foi que pulou e saiu viva apenas com uma fratura na mão. E sabe como foi a fratura? De tanto esforçar-se para não despencar da asa delta e cair como uma jaca na Mata Atlântica.
         Chegou a pensar no Everest, o que de todo em todo, loucura ou não, obrigaram-na a uma consulta ao psiquiatra. E o pior é que estava convencendo ao psiquiatra de pular com ela.
     Espero que tenha deixado de beber. Pelo menos de beber tanto. De fumar sei que parou. Quanto a emagrecer, fico a esperar a próxima internação em outro SPA ou converter isso aqui em SPA com minha retirada para o Chuí.  
         Vamos ver. Vamos ver. Vamos ver.
     Tenho fé. Deus não me abandonará aos riscos.
         Espere ela chegar que depois conto mais.
         Abraços.
                J. R. M. Garcia.