Para o bem ou para o mal,
nivelo-me com pessoas simples, sem nenhuma sofisticação visível. E, também,
elas se aproximam de mim. É um fato natural. Espontâneo. Nada que me custe
qualquer esforço.
Um exemplo.
Certa feita, na fazenda, tanto quanto
quase uma hora, vinha carregando nos ombros um cacho de bananas e conversando
com o empregado. Meu sogro, vendo aquilo, disse-me:
--E a primeira vez que vejo um empregado
de mãos livres e o patrão carregando nos ombros a carga.
Ele não o fez por maldade. Não. Uma
observação aleatória e pertinente.
Papai, vendo-me a tratar com um
escrivão, assim comentou:
--Você não distingue o meirinho do juiz.
Para você são iguais.
Não é bem assim. Há juízes que nunca
respeitei e oficiais cuja consideração e grandeza fizeram-me verter lágrimas. De
pessoas blasés ou que assim finjam, tenho horror.
Causas abandonei por não concordar com
as pretensões de bons clientes e lutei por outras que, absolutamente, nem
custas tinham como pagar.
De santidade não tenho nada. Repito. É
tudo uma questão de querência e estética. A
lógica vai até onde o desgosto suplanta. Com isso, supostamente, muito perdi e
continuarei perdendo.
E, o contraste de tudo isso, está no fato
de que a sofisticação deixa-me deslumbrado. Um exemplo: a beleza de uma árvore, que
estende destemida seus galhos ao céu na busca de sol, de vida, do amor de Deus.
Isso me encanta, deixa-me em êxtase. Os campos verdes após a chuva, brincando
com o vento ondulando o horizonte.
Flores delicadas, à sombra, que tocá-las
seria crime hediondo. Animais silvestres
livres. Animais domésticos bem cuidados. Pessoas sem sofisticação, livres de
afetação, francas, sem maldade, sem malícia, sem inveja.
Talvez me identifique com a Estética em
letras maiúscula, em seu alcance filosófico.
E só.
Abraços.
J. R. M. Garcia.