O universo a cada instante se cria.
Cinco
são seus sentidos perceptíveis. Outros há, obviamente, que estão distantes de
nossa percepção, mas existem também.
Eu
vejo o bem e mau, escolho-os, decido os caminhos por onde vou, piso nas pedras,
na água, no fogo. Ora aprecio o amargo, o doce, o azedo, o acre e até o
insípido. Sinto o calor, o frio, o mais ou menos quente. Ouço as músicas que
gosto e as que não gosto também. Os
aromas sinto-os com maior prazer, evitando uns e aproximando dos que mais
apetecem-me.
Mas
é além de meus sentidos perceptíveis, é que realmente começam minhas verdadeiras
sensações. De meu cérebro vem-me verdadeiras emoções desejadas e indesejadas, as quais tento as vezes fugir e outras não. Lembranças ruins tiram-me o sono, outras
passeiam comigo em jardins que sequer consigo lembrar. Negócios, dívidas tiram
meu sono. Preocupações fundadas ou não exasperam-me quase a loucura. Algumas
falsas, outras reais, outras possíveis e impossíveis, perturbam-me como raios
que passassem em minha mente.
Logo,
o mundo palpável, sensível dos chamados cinco sentidos, molesta-me muito menos
do que aqueles que andam por minha alma. E sabe por quê ? Porquê imagino que
estou muito mais preparado para lidar com os fatos corriqueiros e banais de
meus sentidos mais sensíveis, e muito menos com a alogia do que me vai no
espírito. A lógica do espírito é outra. Ela deve existir – certamente existe – mas
não estamos acostumados a lidar com ela. Nossa necessidade maior, mais
premente, aparentemente é pagar dívidas, fazer novas dívidas, cuidar do que
materialmente sentimos como necessário e evitar os azares destes compromissos descumpridos.
Atendemos ao grito do corpo, mas esquecemos que a alma pode estar gritando
desesperadamente por socorro. E ela, a alma, o faz em uma alogia que ainda não
entendemos, enquanto que os sentidos superficiais gritam. Aprenderam a gritar.
Mas
saibam, tenham certeza, os dois, tanto o espírito como o corpo fazem parte de
nosso universo.
Um
universo dentro de nós e o outro fora de nós.
Acertar
o compasso de ambos não é fato para um Blog, mas sim para todo um longo estudo
ainda de remota compreensão.
J.
R. M. Garcia.