sábado, 3 de janeiro de 2015

"TRINTA E UM DE MARÇO AINDA NÃO ACABOU"


TRINTA E UM DE MARÇO AINDA NÃO ACABOU

Isso já faz muitos anos. Era uma terça feira nublada, sem sol.
As manchetes eram estas.
31 de março de 1964“0 General Olímpio Mourão Filho (1900-72), chefe da 4ª Região Militar em Minas Gerais, divulga uma proclamação contra João Goulart (1918-1976) e a "ameaça comunista" que ele representava.Precipitando a marcha de suas tropas em direção ao Rio de Janeiro, recebe a adesão  da maioria dos comandos militares.”




No Estadão idem.
correio da manhã 

E por aí seguiam todas as manchetes dos jornais.
Eu era, então, Presidente da FURP, (Federação Universitária de Ribeirão Preto), 23 anos, estudante de Direito. O Presidente do Centro Acadêmico foi preso no dia 1º de Abril. Ele, ao que sei, sofreu torturas, a mim não.
Ainda não preso, tinha de comparecer todos os dias na sede do Exército local, onde passava o dia. Somente interrogatórios.
E hoje vejo, com ufanismo, Gilberto Carvalho, entre aplausos gerais, companheiro de Lula de muitos anos, gritar acintosamente em sua posse “que essa é a nossa quadrilha.”
"A quem disse que perdeu a eleição para uma quadrilha, eu quero responder dizendo que essa é a nossa quadrilha. Para eles pobre é quadrilha, é essa a quadrilha dos pobres que foi injustamente marginalizada e agora está sendo tratada com um mínimo de dignidade. Com muito orgulho eu quero dizer: eu pertenço a essa quadrilha e vamos continuar mudando o país. Não temos que ter medo nem vergonha de ninguém", (Gilberto Carvalho no discurso de posse).
Em clima festivo, em ritmo de festejos, em alegria geral foi a festa ontem destes que se intitulam quadrilheiros do PT.
A revolução assim chamada de 64 foi afinal o quê?
Foi para gerar estes estigmatizados quadrilheiros?
Muitos foram mortos, carreiras sacrificadas, talentos perdidos em nome de quem? A favor do quê? Para quê? Para estes quadrilheiros empalmarem o poder e dividi-lo, sem metas, entre si.
E agora MPL (Movimento do Passe Livre), apartidário, apolítico, jovens descomprometidos vão apanhar nas ruas sem qualquer razão de ser a não ser seus desgosto, sua desesperança, suas lágrimas de desespero, frente a uma nação que, absolutamente, não lhes dão oportunidades a não ser estas de serem espancados nas ruas.



 Bem o disse Geisel “...pois muitos desses que lideram o fim da ditadura não estão visando o bem do povo...”
Dia 9 terá pancadaria nos meninos do MPL (Movimento do Passe Livre), mas isso não será para sempre.
Viva o Passe Livre.
J. R. M. Garcia.