Foi ontem ao
entardecer. Um lindo poente daqueles que,
avermelhando nuvens, deixa depois um rastro de luz, tingindo de amarelo ouro
toda vegetação. Era um sol de despedida, pensei eu. Os campos, o canavial, as
árvores todas estavam como que pintadas em ouro. Há anos não passava por ali. Tive nítida impressão justificada, que esta
seria mesmo a última vez em companhia do filho que, juntos, faríamos aquele
mesmo trajeto. Nada já nos interessava por aqueles lados. Toda luta terminara.
Era como se fosse ontem e, a um só tempo, como se milhares de anos tivessem
passado. Ações não justificavam que lidássemos nestas comarcas.
Ali,
naquela região que vai até Rio Preto, tanto ele como nós tivemos,
concomitantemente, quatro concordatas em três cidades. Duas grandes e duas pequenas.
“Peão
do trecho” passávamos outrora mil vezes em uma pista sem acostamento, sob
chuva, a noite e madrugadas até que, agora, era uma moderna estrada de duas
vias. Mas não servia mais para nós. Tudo mudara. Mesmo o aeroporto, que não
conheci mais, estava lá quando nos aproximávamos em furtivos vôos pela
redondeza.
Tive
saudades daqueles bons péssimos tempos. Tudo era correria, ansiedade, mandados
de segurança e até habeas corpus. Mas pedia e, simplesmente, vinha minha
vontade de luta. Talvez a saudade seja de mim mesmo. Do meu filho, um jovem
rapaz iniciando-se na advocacia e eu ainda com muito ímpeto, “pajeando” as
intricadas ações.
Tudo
fora, desaparecera. Somente no espírito ficara a lembrança daquelas “lutas”.
Aquele
por de sol era sim o deitar de todo um tempo que terminara para sempre. Dentro
de minutos o véu da noite cobriria todas minhas saudades.
De
repente uma lágrima rolou lenta pelas faces, era a despedida que minha alma
vinha fazer.
J.R.M.Garcia.