segunda-feira, 4 de maio de 2015

= TRISTEZA =

        
Disse-me uma leitora - cujo nome omito por discrição - que me inquino a escrever sobre temas tristes.
         He ! Talvez ela tenha razão.
         Contudo, pensem comigo.
         Não sei porquê, mas falar de dramas, levantar estes temas, é muito mais fácil do que fazer sorrir. Mesmo na comédia há, sempre, bem no fundo, um tema de tristeza, um algo que não indo bem nos leva a sorrir. Vejam as comédias de Chaplin, dos irmãos Marx, do Gordo e o Magro. E até em tombo aqui, outro ali, uma frustração óbvia que nos leva dobrar de rir. Mesmo na monumental na obra Don Quixote, Cervantes nos leva a gargalhadas pela idiotice de seus personagens. Até William  Shakespeare, esquece o drama para colocar algumas passagens cômicas.
         Assim, por preguiça, abordo temas dramáticos.
         Mas hoje vou deixar a indolência de lado.
         Passado muitos anos, Maria encontrou Orlando em uma fila de supermercado.
         --Não está me conhecendo? Perguntou.
         Pensando. Olhando bem, com mais calma, respondeu:
         --Você é Maria ?
         Sorriram.
         Dito os tratos casuais como o tempo, o quê haviam feito neste período, quantos filhos etc. Maria disse impulsivamente.
         --Você Orlando, era minha paixão de infância.
         Grato pelo elogio ele sorriu feliz e, encabulado, respondeu:
         --Nunca imaginei que fosse assim. Eu era apaixonado por você e nunca passei daquele bom dia boa tarde. Sonhava com você. Nunca a esqueci.
         --E eu com você.
         Ficaram ambos olhando um ao outro meio sem graça, até que ela disse:
         --Adeus. Até mais. E se foi sorrindo.
         Ele continuou parado, rememorando sua adolescência no colégio.
         J. R. M. Garcia.