Disse-me uma
leitora - cujo nome omito por discrição - que me inquino a escrever sobre temas
tristes.
He
! Talvez ela tenha razão.
Contudo,
pensem comigo.
Não
sei porquê, mas falar de dramas, levantar estes temas, é muito mais fácil do
que fazer sorrir. Mesmo na comédia há, sempre, bem no fundo, um tema de
tristeza, um algo que não indo bem nos leva a sorrir. Vejam as comédias de
Chaplin, dos irmãos Marx, do Gordo e o Magro. E até em tombo aqui, outro ali,
uma frustração óbvia que nos leva dobrar de rir. Mesmo na monumental na obra
Don Quixote, Cervantes nos leva a gargalhadas pela idiotice de seus personagens.
Até William
Shakespeare, esquece o drama para colocar algumas passagens cômicas.
Assim,
por preguiça, abordo temas dramáticos.
Mas
hoje vou deixar a indolência de lado.
Passado
muitos anos, Maria encontrou Orlando em uma fila de supermercado.
--Não
está me conhecendo? Perguntou.
Pensando.
Olhando bem, com mais calma, respondeu:
--Você
é Maria ?
Sorriram.
Dito
os tratos casuais como o tempo, o quê haviam feito neste período, quantos
filhos etc. Maria disse impulsivamente.
--Você
Orlando, era minha paixão de infância.
Grato
pelo elogio ele sorriu feliz e, encabulado, respondeu:
--Nunca
imaginei que fosse assim. Eu era apaixonado por você e nunca passei daquele bom
dia boa tarde. Sonhava com você. Nunca a esqueci.
--E
eu com você.
Ficaram
ambos olhando um ao outro meio sem graça, até que ela disse:
--Adeus.
Até mais. E se foi sorrindo.
Ele
continuou parado, rememorando sua adolescência no colégio.
J.
R. M. Garcia.