sábado, 29 de agosto de 2015

- CRÔNICAS E CONTOS - (borges e garcia)


A GRAÇA  DE  DEUS  (II)

      Como coloquei aqui - contrariando certamente muito mais da metade de leitores – na crônica anterior, estou absolutamente convicto que Deus é uma espécie de Lei universal inconsciente de sua própria existência. Existe, a tudo é presente, responsável, gestor de todo universo, mas sem consciência de sua existência, como a Lei da Gravitação Universal.
       E o fenômeno da graça?
       Há ou não o ato da graça divina?
      Exemplo unânime é o fato de um Hitler, Nero, Sarney Renan existirem sem uma penalidade qualquer. Felizes, sãos, alegres habitarem o planeta sem que nada de mau lhes ocorra.
      Como pode isso?
    A Deus não cabe proteger os infelizes e tirarem do rumo este bando de miseráveis infelicitadores da raça humana?
Este o grande mistério que perturbou por mais de dez anos a mente brilhante de um dos maiores filósofos cristãos, Agostinho de Hipona.
    O que se dá, é que combatendo o maniqueísmo, Agostinho foi maniqueísta. Ele colou Deus como apartador de bons e maus. Uma espécie de “balança” com que se representa a Justiça. Aqui estão os “bons” e lá os “maus”. Na época a influência de Maniqueu era imensa.
      Hoje sabemos que o mundo não é assim.
   A graça de Deus é concedia dentro de formas e meios próprios, onde o agraciado posta-se em qualidade e disposição de ânimo necessário a recebe-la. Em grosseira comparação, o avião alça-se aos céus tendo o motor a arrastá-lo, as disposições cômodas das asas, os “ailerons” prontos a impulsiona-lo para cima e o ar a ampará-lo. Não contraria a gravidade. Usa-a. Faz dela um objeto de sua atividade.
     Assim e por isso, “o milagre” é realizado, até que se lhe falhe uma peça ou, ao contrário, nunca gore.
       Com Deus e os Santos a identidade é a mesma.
   O mistério que Agostinho não compreendeu, é que os processos necessários à invocação e obtenção da graça de Deus, são tantos e tão variáveis que infinitos meios existem para a obtenção deste bem quase inatingível.
       A Graça de Deus termina com esta explicação.
     Tenham um excelente fim de semana e saiba que tanto você como seu inimigo podem obter a graça, bastando vê-la, entende-la e querê-la.
    J. R. M. Garcia.