A GRAÇA DE DEUS (II)
Como coloquei aqui - contrariando certamente muito mais da metade de
leitores – na crônica anterior, estou absolutamente convicto que Deus é uma
espécie de Lei universal inconsciente de sua própria existência. Existe, a tudo
é presente, responsável, gestor de todo universo, mas sem consciência de sua
existência, como a Lei da Gravitação Universal.
E o fenômeno da graça?
Há ou não o ato da graça divina?
Exemplo unânime é o fato de um Hitler, Nero, Sarney Renan existirem sem
uma penalidade qualquer. Felizes, sãos, alegres habitarem o planeta sem que
nada de mau lhes ocorra.
Como pode isso?
A Deus não cabe proteger os infelizes e tirarem do rumo este bando de
miseráveis infelicitadores da raça humana?
Este o grande mistério que perturbou por mais de dez anos a mente
brilhante de um dos maiores filósofos cristãos, Agostinho de Hipona.
O que se dá, é que combatendo o maniqueísmo, Agostinho foi maniqueísta.
Ele colou Deus como apartador de bons e maus. Uma espécie de “balança” com que
se representa a Justiça. Aqui estão os “bons” e lá os “maus”. Na época a
influência de Maniqueu era imensa.
Hoje sabemos que o mundo não é assim.
A graça de Deus é concedia dentro de formas e meios próprios, onde o
agraciado posta-se em qualidade e disposição de ânimo necessário a recebe-la.
Em grosseira comparação, o avião alça-se aos céus tendo o motor a arrastá-lo,
as disposições cômodas das asas, os “ailerons” prontos a impulsiona-lo para
cima e o ar a ampará-lo. Não contraria a gravidade. Usa-a. Faz dela um objeto
de sua atividade.
Assim e por isso, “o milagre” é realizado, até que se lhe falhe uma peça
ou, ao contrário, nunca gore.
Com Deus e os Santos a identidade é a mesma.
O mistério que Agostinho não compreendeu, é que os processos necessários
à invocação e obtenção da graça de Deus, são tantos e tão variáveis que infinitos
meios existem para a obtenção deste bem quase inatingível.
A Graça de Deus termina com esta explicação.
Tenham um excelente fim de semana e saiba que tanto você como seu
inimigo podem obter a graça, bastando vê-la, entende-la e querê-la.
J. R. M. Garcia.