VASTO E ABSURDO FOLCLORE O NOSSO.
Não é uma matéria fácil de
compreender. Mais ainda se aplicada a Sociologia. É um tema que vai muito além
deste simples blog.
Contudo,
se desejarmos abranger minimamente a formação psíquica de nosso povo, de
nosso procedimento comportamental, cultural e político, a única forma de
iniciarmos, é por estes caminhos extravagantes da psicologia. Não há outro.
Vamos falar de arquétipos.
Para
Jung, “arquétipo é uma espécie de imagem apriorística incrustada
profundamente no inconsciente
coletivo da humanidade, refletindo-se
(projetando-se) em diversos aspectos da vida humana, como sonhos e até mesmo
narrativas. Ele explica que "no concernente aos conteúdos do
inconsciente coletivo, estamos tratando de tipos arcaicos - ou melhor - primordiais, isto é, de imagens
universais que existiram desde os tempos mais remotos"
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Mas afinal, como simplificar esta
linguagem abstrusa e técnica?
Vamos tentar.
As “imagens primordiais”, as quais
vem sendo praticadas por milhares de gerações desde o início da formação a
humanidade, -mesmo antes da concepção de nossa “consciência” como hoje a temos-
ainda agora comanda os aspectos de nossas atitudes
inconscientes. Funcionam como centros autônomos que tendem a produzir, em
cada geração, a repetição e a elaboração dessas mesmas experiências. Eles se
encontram entrelaçados na psique, sendo praticamente impossível isolá-los, bem
como a seus sentidos.
Assim, cada povo tem seus mitos, seus
“heróis”, suas lendas, suas tradições, suas crenças, seus símbolos. Isso,
independentemente de sua consciência. Raramente conscientemente.
Deste modo, a formação cultural de um
povo passa primeiramente por estes aspectos inconscientes de sua alma, pois
nela está incrustado. Não há como alterar isso que vem do começo de nossa
espécie. Seria mais fácil alterar o DNA de um réptil para um ser humano.
Aplicado à política, esta é nossa
gente. Esta é nossa cultura. Em um desabafo, em uma conferência, Moro,
inconscientemente, disse isso: “Não é possível administrar Justiça onde não há
gente disposta a recebe-la”.
Portanto, considerando a miscigenação
de raças das quais somos formados, a chance de alterarmos nossa formação
cultural é mínima. Agora e sempre. Seja isso para mim ou para você. Reações de
todas formas virão lá do fundo de nossos arquétipos contra esta “deformação”
tentada.
Se isso acontecesse já não mais
seriamos brasileiros e sim uma outra gente qualquer.
Quero aqui, por último, falar de um
exemplo que vi. Uma senhora negra, simples, sem qualquer formação, sem nenhum
sangue alienígena, pintando carrancas em argila. Indaguei onde ela vira estas
carrancas tão detalhadas. Ela, em sua simplicidade, afirmou-me que nunca vira
nada semelhante -e de fato não era semelhante a nada- O mais curioso é que ela
somente fazia tal tipo de cerâmica sem outra inspiração qualquer.
Tecnologia podemos até importar. Mas
é só.
Culturalmente somente os séculos
podem modificar nossos arquétipos.
Simples assim.
J. R. M. Garcia.