quarta-feira, 5 de agosto de 2015

=UM CAVALO EM UM LAMBORGHINE CONTINUA O MESMO CAVALO=

VASTO   E ABSURDO FOLCLORE O NOSSO.

Não é uma matéria fácil de compreender. Mais ainda se aplicada a Sociologia. É um tema que vai muito além deste simples blog.
        Contudo, se desejarmos abranger minimamente a formação  psíquica de nosso povo, de nosso procedimento comportamental, cultural e político, a única forma de iniciarmos, é por estes caminhos extravagantes da psicologia. Não há outro.
Vamos falar de arquétipos.        
Para Jung, “arquétipo é uma espécie de imagem apriorística incrustada profundamente no inconsciente coletivo da humanidade, refletindo-se (projetando-se) em diversos aspectos da vida humana, como sonhos e até mesmo narrativas. Ele explica que "no concernente aos conteúdos do inconsciente coletivo, estamos tratando de tipos arcaicos - ou melhor - primordiais, isto é, de imagens universais que existiram desde os tempos mais remotos"
Mas afinal, como simplificar esta linguagem abstrusa e técnica?
Vamos tentar.
As “imagens primordiais”, as quais vem sendo praticadas por milhares de gerações desde o início da formação a humanidade, -mesmo antes da concepção de nossa “consciência” como hoje a temos- ainda agora comanda os aspectos de nossas atitudes inconscientes. Funcionam como centros autônomos que tendem a produzir, em cada geração, a repetição e a elaboração dessas mesmas experiências. Eles se encontram entrelaçados na psique, sendo praticamente impossível isolá-los, bem como a seus sentidos.
Assim, cada povo tem seus mitos, seus “heróis”, suas lendas, suas tradições, suas crenças, seus símbolos. Isso, independentemente de sua consciência. Raramente conscientemente.
Deste modo, a formação cultural de um povo passa primeiramente por estes aspectos inconscientes de sua alma, pois nela está incrustado. Não há como alterar isso que vem do começo de nossa espécie. Seria mais fácil alterar o DNA de um réptil para um ser humano.
Aplicado à política, esta é nossa gente. Esta é nossa cultura. Em um desabafo, em uma conferência, Moro, inconscientemente, disse isso: “Não é possível administrar Justiça onde não há gente disposta a recebe-la”.
Portanto, considerando a miscigenação de raças das quais somos formados, a chance de alterarmos nossa formação cultural é mínima. Agora e sempre. Seja isso para mim ou para você. Reações de todas formas virão lá do fundo de nossos arquétipos contra esta “deformação” tentada.
Se isso acontecesse já não mais seriamos brasileiros e sim uma outra gente qualquer.
Quero aqui, por último, falar de um exemplo que vi. Uma senhora negra, simples, sem qualquer formação, sem nenhum sangue alienígena, pintando carrancas em argila. Indaguei onde ela vira estas carrancas tão detalhadas. Ela, em sua simplicidade, afirmou-me que nunca vira nada semelhante -e de fato não era semelhante a nada- O mais curioso é que ela somente fazia tal tipo de cerâmica sem outra inspiração qualquer.
Tecnologia podemos até importar. Mas é só.
Culturalmente somente os séculos podem modificar nossos arquétipos.
Um cavalo dentro de um lamborghini é apenas um cavalo.
Simples assim.
J. R. M. Garcia.