terça-feira, 1 de setembro de 2015

= A EVIDÊNCIA TAMBÉM CEGA =

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)

LUZ  DEMAIS  CEGA

O comum, o usual, o costumeiro, o trivial não é notado pela imensa maioria de nós.
        Certamente por isso civilizações inteiras, apesar de suas dificuldades diárias, não inventaram a roda, por exemplo. Os maias, os astecas, os pueblos edificaram pirâmides executando cálculos complexos de engenharia e nunca  usaram a roda.
        O vento, assim como as distâncias, é o elemento mais comum no planeta, e destas civilizações nenhuma delas usou a vela, limitando-se ao remo.
        O óbvio se esconde sob um manto tão evidente, que na verdade parece que não o notamos.
        Não sei, exatamente, se a clareza destas conveniêncas nos saltam à vista de forma tão evidente, que seu próprio brilho nos inibi ou se, de algum modo, força dominadoras nos tange a ignorarmos por padrões culturais contrários ao novo, ao fazer diferente. A verdade é que fatores adversos impedem a criação de novas idéias. Sejam pelos que exercem o poder em qualquer tribo, sejam pelos detentores do poder.
        Aqui, no Brasil, isso aconteceu por 20 anos ou mais. Mentiam-nos que tudo estava bem, que teríamos escolas, serviço de saúde, transporte etc. Todos, até o mais ignorante de nós sabíamos que a riqueza de uma nação não se faz em poucas décadas e, agora, esta desgraceira de um débito de  US$ 482 bilhões em débitos no exterior, incluindo as faturas do governo.
       Tudo era um logro que sabíamos de sua existência, (govêrno, imprensa, judiciário, congresso, povo) mas fizemo-nos de cegos e, sem “inventar a roda”, estamos todos sendo arrastados nesta miséria de dívida impagável.
       Era o óbvio ululante que não quinemos ver. A evidência era muita.
        Cegou-nos.
       Uma boa semana.