terça-feira, 27 de outubro de 2015

CRÔNICA E CONTOS (Borges e Garcia) "A ÉTICA DE DEUS"

CRÔNICA E CONTOS (Borges e Garcia)

A ÉTICA DE DEUS

Já escrevi aqui sobre a ética de Deus.
Nada ofensivo, pois apenas faço perguntas e não me arrisco responder. Aliás, aos pregadores certamente cabem as respostas, as quais são muitas. Vão aos milhares. Tem religião no mundo para todos os gostos.
Já aviso antes que acredito em Deus.
O que não entendo é seu comportamento ético.
Explico: há criancinhas que já nascem com doenças terríveis, incuráveis, tornando-se um poço de dor e, por lado outro, nascem pequenos monstros morais como Sarney, Renan, Palocci, Zé Dirceu e tantos outros plenamente sadios, capazes, eficientes para desgovernar um país inteiro, cometendo crimes monstruosos.
Ora, admitindo que Deus seja um ser lúcido, hábil, poderoso, por que permitir a existência de tais fatos? Para desafiar a paciência de nós, pobres mortais? Não creio. Deus não é um brincalhão.
E depois fico imaginando: se Ele permitiu que um misero mortal como Pilatos pregasse seu Filho Amado na cruz, o que Ele não deve deixar que aconteça a outros não tão amados?
Quando olho a imensidão do Universo e nem consigo avaliar sua grandeza, fico a pensar em como ele mantem aqui nesta pequenina terra a nossa existência e a continuidade da vida. Aqui, incontestavelmente, é a lei dos mais aptos. Na escala da vida os mais habilidosos, do verme ao grande elefante, vivemos sob as mesmas condições rígidas da Lei de Darwin. Ou adaptamos ou não viveremos.
É esta a Lei? Isso Darwin provou.
Deste modo somente cabe-me pensar que Deus é uma Lei. Uma lei como a gravidade, que embora não sabendo de sua existência rege soberanamente todo o universo. Subiu, escapou do telhado, estatelou no chão.
Esta a intricada, inexplicável, incompreensível ética de Deus que, por ser tão simples a todos nem parece ser notada.
Uma boa semana a vocês.
Abraços.
J. R. M. Garcia. 
<martinsegarcia@uol.com.br>