sexta-feira, 16 de outubro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) "A NOITE É MINHA"

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)


A NOITE É MINHA


    Desde criancinha, minha finada saudosa mãe, recordava-se que sempre me dava ao sono muito tarde. É meio que trocava o dia pela noite. Queria ficar acordado até muito tarde.
     E esse defeito, - se o é - , até hoje mantenho-o.
     Durmo tarde e detesto as manhãs.
   Vivi em internato por quatro anos, deitando-me as nove horas e acordando as cinco.
Foi um martírio, mas afinal nem só de doces vive a alma. Fiquei vivo e voltei ao que sempre fui.
  Noitadas de serestas, bebidas, chuva, frio nunca me importaram. A noite foi sempre minha companheira.
    Agora, velho, surge a Internet, esta libertadora dos notívagos.
      Aqui as vezes encontro papo, alguma pesquisa nem sempre bem feita, mas que me enche o passar das horas.
     Outra coisa. Sem ler não durmo. Leio deitado vários livros ao mesmo tempo. Sou eclético no apetite.  Poesia é a única leitura que não me entretém. Minha parca cultura foi feito deitado. A poesia, para mim, há de ser declamada. Do contrário é uma crônica ruim.
      Hoje, as noites para mim que há muito deixei a mocidade, é proibida. Fico aqui quietinho pensando crônicas, conversando com vocês. Recordo as veze dias bons, outros maus. As vezes rezo.
    Para você, que tem remorso em dividir sua noite com a vigília, ligue-se a esta minha confissão e sinta-se livre.
       Um ótimo fim de semana.
       J. R. M.Garcia.
martinsegarcia@uol.com.br