SOMOS DESENVERGONHADOS
Ou seja: somos sem vergonha. Se não somos sem
vergonha, somos hipócritas. Se não somos hipócritas, somos desumanos. Se não
somos desumanos, somos burros demais.
Dilma, a presidenta, disse com a cara de pau que lhe
é característica: "Devemos combater sem trégua os
atos hediondos cometidos em Paris. Reitero minha solidariedade ao presidente
Hollande e ao povo francês".
Imagine: 56.000 mil mortos assassinados, em fila pela
Av. Paulista ou pela praia de Copacabana, em um cortejo fúnebre.
Será qual seria o tamanho deste desfile? Quantos
quilômetros atingiriam?
Ou que todos dias enterrássemos 153 mortos vítimas de assassinatos cometidos no
país.
Pois é isso aí!
É esse o número de assassinatos praticados por ano no
Brasil, uma média de 153 por dia.
E, no entretanto, ficamos com cara de atônitos quando
em Paris ou nos EUA são mortos em um atentado, pouco mais de uma centena ou
pouco menos.
Já imaginou todos
os dias uma fila de 153 caixões seguindo pela praia de Copacabana? E estes
são nossos mortos, nossos irmãos.
“Combater sem trégua” disse ela. Dilma deveria
fazê-lo aqui, no quintal de sua casa, na porta de seu Palácio. Combater aqui
este horror e não “os fatos hediondos” que aconteceram lá na França, uma nação
que não sofre o quê já sofremos todos os dias.
Alexandre Magno morreu no Egito. Seu corpo
embalsamado passou por todos países de seu Império para que dele não
esquecessem.
Bem que aqui seria válido embalsamar 56.000
assassinados, lacrá-los em caixões próprios e desfilar pelas principais cidades
da nação, o cortejo para que todos vissem, sentissem e talvez nos trouxessem um
pouco de cor nas faces.
Falando, escrevendo não somos capazes de mostrar esta
tragédia.
Somos todos uns cretinos. Inclusive eu.
Perdoem-me o desabafo. Não aguento mais.
Que Deus nos guarde dos bandidos de colarinhos
brancos e dos vestidos de seda.
Fiquem com Deus.
J. R. M. Garcia.
<martinsegarcia@uol.com.br>