sábado, 26 de dezembro de 2015

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia) = "ADORÁVEL" FAMÍLIA =

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)  
=  "ADORÁVEL"  FAMÍLIA  =



Imagino que desde que o mundo foi mundo e o ser humano apareceu por aqui, surgiu como família.
É fácil de distinguir isso. A criatura humana é frágil no princípio e requer anos e anos de aprendizados. E aliás, ensinamentos os mais comezinhos. Simples. Como aprender a comer, a andar, a defecar, a urinar, correr, a distinção entre uma escada e um degrau etc.
Ora, o pai e mãe, nestes rudimentos, por ignorantes que fossem, tinham de transmitir-lhes estes hábitos, costumes. Claro que o bebê recebe uma imensa carga genética, mas sem instrumentalizar estes instintos, teriam morrido nas primeiras chuvaradas sem abrigo.
Logo, a família se fez necessária.
Doutrinas houveram como o nazismo e comunismo radicais,  os quais, pretenderam substituir a família, entregando esta responsabilidade para o Estado. Mas isso não levou a nada, pois aqueles mesmo que pregavam estas ideias, eram dependentes de uma família. Uma hipótese tolamente utópica e burra.
Há os revoltados contra a constituição familiar e os respeito, pois sofreram tanto que, destroçados, odeiam o berço de espinhos de onde vieram.  Outros possuem tanto medo de constituir uma família, que a estas não desejam. Também compreendo.
Hemingway dizia que a família é tão desgastante (antigamente não se usava o termo stress) que, com um oceano entre ela e ele, a um dólar por palavra no interurbano, vinha  azucrinar sua cabeça. E ele foi tão bem criado como se pode esperar  daqueles que excessivamente tiveram berço de ouro. Talvez por isso mesmo.
Freud dizia que o ambiente familiar era tão agressivo, quanto o da vida de um beco de desesperados.
Byron, nunca quis filhos. Se os tivesse, dizia, matava-os em duelo para não ser injusto. Ele, exímio duelista, não contou como seria este duelo.
A maioria de nós nunca pensou em família antes de constituí-la e aqui confesso meu caso. Nem tive um ambiente familiar razoável também. Vivi o que se pode dizer uma família virtual desde os treze anos.
Aqui prefiro falar como o disse Curchill: “A Democracia é o pior dos regimes, mas ainda assim é o melhor”. A família deve ser uma droga, mas nada inventaram que fosse melhor.
Um feliz Natal.
Oremos.
J. R. M. Garcia.
<martinsegarcia@uol.com.br>