terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

CRÔNICAS E CONTOS ( Borges e Garcia) -CAMINHOS DE DEUS-

CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)

CAMINHOS  DE  DEUS


Estou certo de que muitos  -a maioria quase absoluta-  haverá de  considerar-me louco ou diletante nesta sugestão sobre os “caminhos de Deus”. Pois que assim o seja, mas já não vejo como não assumir um paralelo entre ciência e religião.
O ser humano vem, por milhares de séculos, no desejo de encontrar Deus. Desde religiões enlouquecidas até as pregações mais brandas. Vai do sacrifício da vida humana a animais e muitas outras fórmulas exóticas, quando não inteiramente safadas, o que às vezes acontece também na ciência.
Esquecendo por alguns instantes o caminho das religiões e olhando a História da Ciência, as religiões ficaram estáticas, enquanto a ciência criou verdades irrefutáveis descortinando novos horizontes.
        Galileu, Newton e Laplace,  introduziu lá no passado algumas das bases da metodologia científica, presos à simplicidade da obtenção de modestos resultados.
Henri Poincaré em 1880 viu a impossibilidade de resolução das equações diferenciais não lineares, na busca das leis da uniformidade e da unificação dos sistemas físicos. Desanimou.
Einstein e Paul Langevin, bucam no início do século XX, meios capazes utilizados para descrever e entender fenômenos meteorológicos, crescimento de populações, variações no mercado financeiro e até movimentos de placas tectônicas, entre outros. É, enfim, o que chamaram "efeito borboleta", teorizado pelo matemático Edward Lorenz, em 1963.
Segundo aquela metodologia, a ciência continuou gradualmente a sua expansão em direção à determinação das realidades físicas, mas absurdamente longe de uma factibilidade prática.
Normalmente este efeito é ilustrado com a noção de que o bater das asas de uma borboleta num extremo do globo terrestre[JG1] , pode provocar uma tormenta no outro extremo, no intervalo de tempo de semanas.
Até a década de 1980, os físicos defendiam a tese de que o universo era governado por leis precisas e estáticas, portanto os eventos nele ocorridos poderiam ser previstos. Porém a teoria do caos mostrou que certos eventos universais podem ter ocorrido de modo aleatório. Caíram no que estava mais próximo com os Atratores e Fractais
Ambos extremamente complexos para serem cuidados aqui.
Depois Stephen Hawking, descobriu o que pretensiosamente nominou “a partícula de Deus”, tal seja, a energia que transformou matéria em uma partícula no aparelho acelerador tubular, CERN  (Organisation Européenne pour la Recherche Nucléaire).
Agora, semana finda, vendo a explosão de 570 bilhões de sois em um único segundo, é de espantar. Imagine uma explosão que brilha com a energia de 570 bilhões de vezes maior do que o Sol. É de 10 a 20 vezes maior que o total emitido por todas as estrelas da Via Láctea juntas. Foi o que permitiu sua detecção imediata, mesmo a uma distância de 3,8 bilhões de anos-luz de nosso planetinha. 
Esta semana prova-se a detecção das "ondas" magnéticas, o fenômeno foi previsto há 100 anos. Nesta semana, pesquisadores anunciaram esta descoberta fantástica e complicada. Eles detectaram ondulações no tecido que forma o universo. Um fenômeno que foi previsto por  Einstein há cem anos e que abre uma nova Era para a astronomia. O que os pesquisadores do projeto Ligo (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) encontraram essencialmente foram "distorções no espaço e no tempo" causadas por um par de objetos com massas imensas interagindo entre si. O espaço, que para Newton era plano é, agora, vago e dependente de fenômenos de “ondas gravitacionais”.
Pergunto-me: a Ciência caminhou e as religiões hoje em vigor no mundo?
Ficaram paradas, buscando a assertiva de um ato de fé, seguindo rituais alguns estranhos, outros tolos e inócuos, porém todos teatrais.
Dentro da busca científica, tudo no universo demonstra uma evolução lógica trabalhosa em busca de padrões em determinação de um campo racional, tanto em enormes grandezas como em diminutas grandezas.
E onde isso leva?
Leva a uma Lei universal única ou múltipla, capaz de trazer Deus aos corações de todos nós, apontando nossa insignificância frente ao universo sem preocupações éticas, balizando em eventualidades provadas, na crença que Deus mesmo pode gerir-se sem o ser humano, seja este de que forma for.
Santo Agostinho, em um lapso de luz,  lá nos 200 anos a.C., vê a graça como um ato de vontade que, independe do bem e do mau, gera infelizes e felizes sem qualquer preocupação moral, ética ou anímica, a causal ou motivada. Chegou perto, mas longe demais de uma realidade tal qual quase dois mil anos passaram.
Procure Deus em seu ato de fé. Ele pode estar ai, mas busque seu entendimento na Ciência, onde luz especial alguma existe, apontando seu caminho e saiba que, com seu amor a Êle, somente pode servir à sua solidão.  Ele é uma causa incausada. Talvez uma Lei que sequer saiba que existe, mas que gere o mais ínfimo átomo a bilhões de sois.
Mas, é claro, faça o melhor que puder de sua fé.
Mas a Ciência é “caminho de Deus”.
J. R. M. Garcia.
<martinsegarcia@uol.com.br>