quinta-feira, 24 de março de 2016

CRÔNICAS E CONTOS (Barges e Garcia) =QUADRILHEIROS =

CRÔNICAS E CONTOS (Barges e Garcia)  =QUADRILHEIROS =

QUADRILHEIROS

Nem sempre a ideia de quadrilheiros foi o que hoje é. Tempos houveram em que os quadrilheiros foram pessoas honradas, cumpridoras de seus deveres, leais. Inicialmente a instituição foi criada pelo Rei D. Fernando I, no século XIV, nono rei de Portugal.
Em cada cidadevila, lugar e respetivos termos existia um determinado número de quadrilheiros, que variava de acordo com o número de moradores da povoação. Geralmente andavam em quatro cidadãos para defenderem-se nas ruas escuras, as agressões e ciladas que lhe lhes podiam armar. Os quadrilheiros eram escolhidos entre os honrados moradores locais e nomeados pelos juízes e vereadores reunidos em câmara, tendo que servir durante um período de três anos. Protegiam o patrimônio público e privado, as pessoas, evitavam brigas, prendiam os desordeiros e protegiam os cidadãos ordeiros. Essa meta bem intencionada, foi transfigurada em um grande malefício.
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Depravando o objetivo de zeladores da ordem, os quadrilheiros, com o tempo, começaram a extorquir a população, ameaçando-as de deixá-las expostas a assaltos e, não sendo assaltada eles, os quadrilheiros, as assaltariam. Envolveram-se no furto e na prostituição. Muitos tornaram-se gigolôs e donos de casas de prostituição.
No final a ordem dos quadrilheiros foi dissolvida e muitos condenados por extorsão, exploração, propinas e, enfim, todos artigos do atual Código Penal.
Em menos de um quarto de século D. Fernando viu sua boa fé destruída.
Por razões que não compreendemos, aqui na América Latina, quadrilhas firmaram raízes a um ponto tal de, para se efetuar qualquer trabalho público, é obrigado a pagar, do contrário processos não andam, sentenças não são proferidas e, quando são, contraria o Direito em seus princípios fundamentais. As companhias que participam das concorrências não têm a mais mínima chance de ganhar senão dentro de esquemas de quadrilhas enormes, bem estruturadas e com capacidade para “comprar” partidos, políticos, intermediários, funcionários de autos cargos, nomear funcionários de alto coturno, eleger deputados.
A verdade é que um cartel de mais ou menos 5 firmas apoderou  do Estado, em obras significativas, em milhões e milhões de dólares dividindo entre si os lucros polpudos aferidos.
Não se trata mais de pendência entre policiais e bandidos, mas sim brigas entre as próprias gangs.
 "Durante a 23ª fase da operação Lava Jato, batizada como Acarajé, a Polícia Federal apreendeu Planilhas na casa do executivo Benedicto Barbosa Silva Júnior, ex-presidente da empresa Odebrecht Infraestrutura, onde constam repasses de valores a, pelo menos, 316 políticos de 24 partidos.
Os documentos foram apreendidos no dia 22 de fevereiro, mas tornaram-se públicos apenas nesta terça-feira (22/03). Entretanto, ontem, quarta-feira (23), o juiz Sergio Moro da 13ª Vara Federal de Curitiba decidiu colocar o inquérito sob sigilo, por conter nomes de parlamentares com foro privilegiado."
Agora, os quadrilheiros entranharam-se no poder ameaçando as instituições, corrompendo-as a ponto de destruir o poder do Estado.
A última esperança é o Judiciário e alguns Magistrados e Promotores salvarem a Ordem da República, pois ao contrário fosso para onde vamos é de total escuridão, imenso e fundo somente como Deus sabe.
Uma semana feliz.
J. R. M. Garcia.