HISTÓRIA
DE ANA
Não é uma história bonita. Não. É a narrativa
objetiva da espécie de uma lenda. Milagrosa, certamente.
Ana, que é gaúcha, conheceu o
paranaense Renato em Florianópolis. Em fevereiro de 2013 começaram
a namorar. Terapeuta, ela foi convidada pelo novo namorado para trabalhar
em seu “spa”, em Curitiba. Alegremente aceitou. Ajudaria a família e seu filho.
Conta ela:
"Ele foi me buscar na rodoviária e,
depois, sumiu por uns três dias. Quando voltou, primeiro, disse que ia fazer
uma massagem em mim, quando na verdade ele era quem dizia-se cansado.”
Começam as desgraças para Ana.
Ele adia apresentar-lhe o dito “spa”.
Ao final, o que ela descobre, é que ele usava drogas. Foi estuprada por êle
mais de uma vez, diz ela no processo. Foi trancada no quarto onde ele morava,
sob ameaça de que, se queixasse, mataria seu filho em Florianópolis.
Ana descobriu que o “spa” de
Renato era, na verdade, uma casa de prostituição. Ele ganhava dinheiro
transformando massoterapeutas em "terapeutas sexuais" e fez o mesmo
com ela, a qual passou a ser agredida e estuprada também por outros homens. Ela
passa ser mantida acorrentada dentro do
quarto e ficava sem comer por vários dias.
Após estes fatos, o caso foi
denunciado via “clientes” com pena dela, à polícia paranaense, mas o prostíbulo
continuou aberto.
Ela consegue, finalmente, fugir
e volta a Florianópolis -vias ônibus municipais- tentando proteger o filho, o
qual ele jurara matar.
Cercou a casa de sua família por
cerca elétrica, mas o meliante sempre perseguindo-a. Trocara a detenção do
marginal, pela prisão de sua casa onde mantinha o filho sob o pânico de que o
tarado viesse a mata-lo.
Somente na 6ª Delegacia de
Polícia de Florianópolis, especializada em violência doméstica, ela registrou
20 boletins - três por tentativa de assassinato na frente ao filho e quatro por
ameaças de morte.
Ela também requereu à Justiça
uma medida protetiva, para impedi-lo de se aproximar, mas foi negada sob
alegação de não ter condições de atender.
Na penúltima vez que Renato
invadiu sua casa, cerca de dez dias antes do crime, ela resolveu comprar um
revólver. No dia 16 de novembro, quando ouviu o agressor forçando o portão,
correu e buscou a arma calibre 32, escondida embaixo do colchão.
Atirou 12 vezes, acertou nove
balas.
Ele ainda resistiu tentando pular a
cerca.
Hoje está calmo, recuperado
de seus vícios sob uma lápide no cemitério em Curitiba:
Renato Patrick Machado de Menezes.
Ela
foi absolvida por unanimidade no júri, inclusive com a anuência lúcida do
Promotor Andrey Cunha Amorim, que ao final alegou: entendo que ela não tinha
mais recursos diante da ineficiência do serviço de proteção à mulher.
Mulheres, armem-se. A Polícia
Civil de nada vale.
Parabéns Ana Raquel Santos da
Trindade. Vá criar o seu amado filho.
Ahhh!!! Se outras a imitassem.
J. R. M. Garcia