CRÔNICAS E CONTOS (Borges e Garcia)
JUSTA REVOLTA
São 3,50 minutos.
Neste momento que agora escrevo,
milhares de pessoas em SP e no Rio estão cansadas, arrastando-se dentro daqueles
trens, metrôs, mulheres sendo bolinadas, sofrendo as penas que todos sabemos.
Isso quanto não são estupradas em vielas escuras. Mas todos, enfim, tem de ir
para o "trabalho escravo" que a baba do Judiciáiro, Lgislativo e
Executivo os condenaram. Caminhoneiros, sonolentos, sem ilusão, guião pela
madrugada saltando uma refeição para engordar seus chefes, também pobres,
porque dependurados em dívidas não conseguem pagar os bancos.
E
isso, meu irmão é todo dia. Não há esperança para um povo assim. Quando
chove é pior, mas no calor mais de quarenta graus é o clima dentro
destes vagões do inferno.
No serviço público, as filas para
assistência médica, a estas horas, já estão longas. Triste sina dos esquecidos
pela administração.
Isso me revolta, me humilha, me deixa
com ódio repugnante, pois em camas de luxo, cercado de mulheres muitas vezes,
estão estes miseráveis mandriões destes safados de uma falsa república
cumprindo sua feitoria de canalhas. Uns (a maioria) sofrendo assim por conta de
outros bandidos de brancos punhos, esperando para, de meia capa, dar-lhes
sentenças cruéis, previsíveis e já “acertadas” nos tribunais com a conveniência
devida.
Seu cães vivem melhores que esta
gente e, quando pensar que está ruim, lembre destes miseráveis que neste instante estão sofrendo dores todos os
dias, todas as horas sem sossego, dependurado em trens suburbanos e nem tem um pedaço de lixo como colchão.
Que Deus nos perdoe se isso for culpa
nossa e, provavelmente, é.
J. R. M. Garcia.