CHOQUE DE REALIDADE
Sei que é muito chato falar
disso próximo as festas natalinas e o Ano Novo.
É assunto para um pregador
desagradável e amargurado.
E não sou – penso – nem um e nem
outro.
E, aliás, adoro o Natal.
Mas sei, também, que neste ano e
talvez nos próximos, aqueles que durante todos os anos tiveram seus dias de mal
versão do dinheiro público, cheios de regalos e confortos de toda ordem, agora
estão vendo – por enquanto – das grades e das tornozeleiras eletrônicas os dias passarem.
Isso tudo é muito ruim. Para
eles e para nós.
Para eles por serem canalhas e,
para nós, por sermos vítimas de suas bandalheiras.
A pessoa medianamente lúcida
(principalmente as crianças e a juventude e jovens pais inexperientes) vão em
um Shopping e lá se encantam com maravilhas. Quando voltam para casa, abatem-se
com uma casa simples, um pouco desordenada e sente a natural frustação do
encantador que viu e do nada daquilo ter.
Não sou comunista nem chinês,
mas sei que nessas duas potências do globo, a beleza é gerada no sentido
comunitário. Grandes concertos públicos,
praças maravilhosas e com segurança, serviços médicos que sequer exigem “contribuição”
e pagamento. Vivem com modéstia e aceitam isso como condição natural.
Aqui nós vamos lá e
maravilhamo-nos com suas galerias de arte, com a limpeza de seu mundo, com a segurança e o preço dos transportes,
com praças de esporte aqui e ali e pessoas andando de bicicletas livremente
livres de qualquer assassinato imprevisto.
O “Choque de Realidade” a que me
refiro, é que nossos mandatários fossem lá e vissem que a miséria aqui não é só
do povo, mas é deles também, ladrões que são usurpando de uma nação que, quanto
mais cresce em números de Shoppings, mais miseráveis ficam.
Esse é um presente que Deus nos
poderia dar a todos.
J. R. M. Garcia.