segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

INCONSCIENTE INDIVIDUAL E COLETIVO (CRÔNICAS E CONTOS)

CRÔNICAS E CONTOS 

INCONSCIENTE   INDIVIDUAL  E  COLETIVO

        Certo estava Freud ao afirmar que “cada um de nós é menos que uma ilha de consciência em um oceano de inconsciência.”
       Já velho, depois de milhares de pacientes analisados e catalogados, ele chegou a esta conclusão.
       Poderia dizer mais. Explicitar  - porque ele sabia -  que este oceano é a soma de nossas manias, hábitos, condicionamentos sociais, experiências assimiladas, imitações, aspirações frustradas ou não, crenças, mitos falsos, símbolos, medos aparentemente inexplicáveis, alegrias idiotas, tolices arrematadas que nunca poderemos corrigir. Tudo isso  nos vem das profundezas destes mares escuros para assolar e assombrar nossa consciência racional. Nós não sabemos diferenciar, com o uso simples da cabeça, a origem destas sombras fictas ou reais. Mas, das águas escuras que nos cercam surgem, sem que o saibamos, a cada minuto, essas mazelas de nossas emoções. E elas toldam nosso ânimo  impelindo nossa pequena ilha a cometer julgamentos incongruentes, contraditórios, incoerentes e injustos frente a nossa razão. Depois, os mais lúcidos, perguntam: “Gente !  Não sou assim...por que comportei-me desta maneira?” A resposta é simples: “Porque a somatória de sua ilha com seu oceano, é assim mesmo. Isso, essa miríade de incoerências, contrassensos, incoerências é você.
       Mais tarde, quando Freud rompeu com Jung, este ainda acrescentou um complicador mais abrangente à Psicologia. Chamou-o de “inconsciente coletivo”. Tal seja: “É constituído pelos materiais que foram herdados, e é nele que residem os traços funcionais, tais como imagens virtuais, que seriam comuns a todos os seres humanos”. O inconsciente coletivo também tem sido compreendido como um arcabouço de arquétiposArquétipo, na Psicologia Analítica, significa a forma imaterial, à qual os fenômenos psíquicos tendem a se moldar. C.G.Jung usou o termo para se referir a estruturas inatas que servem de matriz para a expressão e desenvolvimento da psique) cujas influências se expandem para além da psique humana.
       Na opinião de um leigo como eu o sou, imagino que, ao definir inconsciente coletivo valendo-se dos arquétipos, Jung definiu magistralmente sem plagiar ou tentar imitar, o “oceano de inconsciência” de que Freud falou.Todas as belezas que ali na escuridão existiam.
       O homem quando diz andar, apenas claudica. Joga uma perna para frente firmando na outra. E, assim, caminha.
       Dá-se o mesmo com a Ciência. Vamos mancando por aí, enquanto os livros escolares até hoje apregoam o mundo vivo dividido como animal e vegetal, sem saber que os universos são infinitos e que você “tem um rebanho de um trilhão de bactérias pastando sobre  sua superfície de pele carnuda para colherem dez bilhões de flocos saborosos de pele que você perde por dia”.
       Isso sem falar em J. B. Rhine.
       Aí complica mais.
       J. R. M. Garcia.