CRÔNICAS E CONTOS
INCONSCIENTE INDIVIDUAL E COLETIVO
Certo estava Freud ao afirmar
que “cada um de nós é menos que uma ilha
de consciência em um oceano de inconsciência.”
Já
velho, depois de milhares de pacientes analisados e catalogados, ele chegou a
esta conclusão.
Poderia
dizer mais. Explicitar - porque ele
sabia - que este oceano é a soma de
nossas manias, hábitos, condicionamentos sociais, experiências assimiladas,
imitações, aspirações frustradas ou não, crenças, mitos falsos, símbolos, medos
aparentemente inexplicáveis, alegrias idiotas, tolices arrematadas que nunca
poderemos corrigir. Tudo isso nos vem
das profundezas destes mares escuros para assolar e assombrar nossa consciência
racional. Nós não sabemos diferenciar, com o uso simples da cabeça, a origem
destas sombras fictas ou reais. Mas, das águas escuras que nos cercam surgem,
sem que o saibamos, a cada minuto, essas mazelas de nossas emoções. E elas
toldam nosso ânimo impelindo nossa
pequena ilha a cometer julgamentos incongruentes, contraditórios, incoerentes e
injustos frente a nossa razão. Depois, os mais lúcidos, perguntam: “Gente ! Não sou assim...por que comportei-me desta maneira?”
A resposta é simples: “Porque a somatória de sua ilha com seu oceano, é assim
mesmo. Isso, essa miríade de incoerências, contrassensos, incoerências é você.
Mais
tarde, quando Freud rompeu com Jung, este ainda acrescentou um complicador mais
abrangente à Psicologia. Chamou-o de “inconsciente coletivo”. Tal seja: “É constituído pelos materiais que foram
herdados, e é nele que residem os traços funcionais, tais como imagens
virtuais, que seriam comuns a todos os seres humanos”. O inconsciente
coletivo também tem sido compreendido como um arcabouço de arquétipos
( Arquétipo, na Psicologia Analítica, significa a forma
imaterial, à qual os fenômenos psíquicos tendem a se moldar. C.G.Jung usou
o termo para se referir a estruturas inatas que servem de matriz para a expressão
e desenvolvimento da psique) cujas influências se expandem para além da
psique humana.
Na
opinião de um leigo como eu o sou, imagino que, ao definir inconsciente
coletivo valendo-se dos arquétipos, Jung definiu magistralmente sem plagiar ou
tentar imitar, o “oceano de inconsciência” de que Freud falou.Todas as belezas que ali na escuridão existiam.
O
homem quando diz andar, apenas claudica. Joga uma perna para frente firmando na
outra. E, assim, caminha.
Dá-se
o mesmo com a Ciência. Vamos mancando por aí, enquanto os livros escolares até
hoje apregoam o mundo vivo dividido como animal e vegetal, sem saber que os
universos são infinitos e que você “tem
um rebanho de um trilhão de bactérias pastando sobre sua superfície de pele carnuda para colherem
dez bilhões de flocos saborosos de pele que você perde por dia”.
Isso
sem falar em J. B. Rhine.
Aí
complica mais.
J.
R. M. Garcia.