CRÔNICAS E CONTOS
"BLOCKCHAIN"
Isso é dinheiro?
Pode ser sim.
Aliás, pode vir a ser a “moeda” inexistente do futuro
próximo.
Não se assuste e tão pouco deixe de ler o Blog,
pensando que ficamos loucos, pois não estamos. Ainda não.
Você se lembra das primeiras aulas de Economia
introduzindo o Direito, as quais abrigavam também matérias correlatas? Aliás,
até no curso ginasial dava-se noções sobre estes assuntos de poupança e
reserva.
Recorda-se do espanto que lhe causou saber o histórico
sobre a “ordem de pagamento à vista”? Já pensou na praticidade da “ordem de
pagamento”? Uma pessoa de um continente vendia à crédito ou à vista para um
outro de distante país. Este, o devedor a quem vendera, fazia uma espécie de
carta resumida e objetiva, especificando o valor e a quem devia. Assim, ao
invés de transportar baús de ouro sob risco de pirataria, naufrágio e com
viagens demoradas, o credor apenas levava uma “carta”. E onde comparecesse com
aquela “carta”, que era reconhecida como legítima e de bom pagador pelas
pessoas as quais indicasse, entregava a carta endossada com sua assinatura e
recebia em ouro.
Quem inventou este corriqueiro e preciosíssimo
instrumento foram os fenícios, navegadores de mar aberto, singrando águas as
vezes nem sempre conhecidas, avançando além do visível.
Mas na esteira deste grande avanço comercial e de
transporte de valores, surgiram os atravessadores, falsificadores na figura dos
bancos de outrora lesando com pura fachada os realmente interessados, o Estado
como grande beneficiário de tarifas, taxas e impostos extorsivos, “derivativos”
nem sempre procedentes etc.
Agora estamos próximos a uma nova mudança não só de
cartas de crédito, cheques, hipotecas e outras malandragens mais. Estamos
próximos sim de um paradigma monetário.
Esta esteira de exploradores com suas taxas, cartórios
e coisas mais serão esquecidos como más lembranças.
De forma não análoga, mas com um remota semelhança, o
UBER é uma forma de desvincular a tradicional “corrida” de táxi, barateando o
custo deste trabalho e otimizando todos os sistemas.
Afinal, o que vem a ser o Blockchain?
Aqui a matéria torna-se didática e talvez enjoativa na
leitura.
“Os
tópicos discutidos na cúpula Blockchain em Necker Island nas Ilhas Virgens
Britânicas revelam uma série vertiginosa de casos de uso de não-moedas
substituída pela tecnologia: 1º) alguns estão trabalhando em transferências
em tempo real de ações e títulos, ignorando os intermediários financeiros
atualmente envolvidos numa cadeia complicada de procedimentos de compensação e
liquidação. 2º) Músicos e fotógrafos estão armazenando dados de propriedade
sobre seus trabalhos digitais no Blockchain para ganhar autonomia sobre seu
material protegido por direitos autorais e construir relacionamentos diretos e
criativos com fãs e outros artistas. 3º) Os varejistas estão usando o
Blockchain para transformar pontos de fidelidade em uma moeda de fato. 4º)
Hospitais estão experimentando sistemas que dão aos pacientes controle sobre
seus registros pessoais, ao abrir versões criptografadas deles de forma
agregada, para que a pesquisa possa ser feita sobre os dados. 5º)O potencial de
desintermediação do Blockchain está sendo testado em finanças comerciais,
gerenciamento da cadeia de suprimentos, auditoria, sistemas de votação,
serviços notarias e jurídicos, e a grande identidade digital.”
E muito, muito mais pode ser dito da segurança usada
pelo Blockchain.
E mais: o sistema é inteiramente virtual e
auto-fiscalizado. A fórmula controla seu uso. Ou o protocolo, se o desejarmos.
Porém, se olharmos para a história das transações
desde os primeiros sistemas de troca com as do sistema de câmbio de dinheiro
digital dos dias atuais, podemos ver como diferentes protocolos de confiança
evoluíram e como, em cada caso, centralizar a confiança em certas instituições
tem periodicamente causado problemas.
Batido martelo no sistema Trato Feito ou no girar da
roleta sem influência humana as transações processar-se-ão.
E a moeda?
Aqui é que virtualidade coloca a pá de cal. Qualquer
um pode usar a moeda que desejar, mas o sentido “ad valorem” é o único que na
verdade não existe senão na “bolha da Internet”. O valor será universalizado
chamando-o como quiser, mas nada que possa nem sequer lembrar isso de bancos
centrais, moedas universais, juros etc. O que dá valor ao Blockchain é
simplesmente o interesse das partes que em um lugar pode ser um e outro em outro.
Difícil demais explicitar e quantificar esta nova incipiente
moeda quando ela não é real e sim virtual.
Esperemos novas novidades.
Abração.
J. R. M. Garcia.