segunda-feira, 24 de abril de 2017

"BLOCKCHAIN" (CRÔNICAS E CONTOS ) Garcia

CRÔNICAS  E  CONTOS 
"BLOCKCHAIN"

Isso é dinheiro?
Pode ser sim.
Aliás, pode vir a ser a “moeda” inexistente do futuro próximo.
Não se assuste e tão pouco deixe de ler o Blog, pensando que ficamos loucos, pois não estamos. Ainda não.
Você se lembra das primeiras aulas de Economia introduzindo o Direito, as quais abrigavam também matérias correlatas? Aliás, até no curso ginasial dava-se noções sobre estes assuntos de poupança e reserva.
Recorda-se do espanto que lhe causou saber o histórico sobre a “ordem de pagamento à vista”? Já pensou na praticidade da “ordem de pagamento”? Uma pessoa de um continente vendia à crédito ou à vista para um outro de distante país. Este, o devedor a quem vendera, fazia uma espécie de carta resumida e objetiva, especificando o valor e a quem devia. Assim, ao invés de transportar baús de ouro sob risco de pirataria,  naufrágio e com viagens demoradas, o credor apenas levava uma “carta”. E onde comparecesse com aquela “carta”, que era reconhecida como legítima e de bom pagador pelas pessoas as quais indicasse, entregava a carta endossada com sua assinatura e recebia em ouro.
Quem inventou este corriqueiro e preciosíssimo instrumento foram os fenícios, navegadores de mar aberto, singrando águas as vezes nem sempre conhecidas, avançando além do visível.   
Mas na esteira deste grande avanço comercial e de transporte de valores, surgiram os atravessadores, falsificadores na figura dos bancos de outrora lesando com pura fachada os realmente interessados, o Estado como grande beneficiário de tarifas, taxas e impostos extorsivos, “derivativos” nem sempre procedentes etc.
Agora estamos próximos a uma nova mudança não só de cartas de crédito, cheques, hipotecas e outras malandragens mais.  Estamos próximos sim de um paradigma monetário.
Esta esteira de exploradores com suas taxas, cartórios e coisas mais serão esquecidos como más lembranças.  
De forma não análoga, mas com um remota semelhança, o UBER é uma forma de desvincular a tradicional “corrida” de táxi, barateando o custo deste trabalho e otimizando todos os sistemas.   
Afinal, o que vem a ser o Blockchain?
Aqui a matéria torna-se didática e talvez enjoativa na leitura.
“Os tópicos discutidos na cúpula Blockchain em Necker Island nas Ilhas Virgens Britânicas revelam uma série vertiginosa de casos de uso de não-moedas substituída pela tecnologia: 1º) alguns estão trabalhando em transferências em tempo real de ações e títulos, ignorando os intermediários financeiros atualmente envolvidos numa cadeia complicada de procedimentos de compensação e liquidação. 2º) Músicos e fotógrafos estão armazenando dados de propriedade sobre seus trabalhos digitais no Blockchain para ganhar autonomia sobre seu material protegido por direitos autorais e construir relacionamentos diretos e criativos com fãs e outros artistas. 3º) Os varejistas estão usando o Blockchain para transformar pontos de fidelidade em uma moeda de fato. 4º) Hospitais estão experimentando sistemas que dão aos pacientes controle sobre seus registros pessoais, ao abrir versões criptografadas deles de forma agregada, para que a pesquisa possa ser feita sobre os dados. 5º)O potencial de desintermediação do Blockchain está sendo testado em finanças comerciais, gerenciamento da cadeia de suprimentos, auditoria, sistemas de votação, serviços notarias e jurídicos, e a grande identidade digital.”
E muito, muito mais pode ser dito da segurança usada pelo Blockchain.
E mais: o sistema é inteiramente virtual e auto-fiscalizado. A fórmula controla seu uso. Ou o protocolo, se o desejarmos.
Porém, se olharmos para a história das transações desde os primeiros sistemas de troca com as do sistema de câmbio de dinheiro digital dos dias atuais, podemos ver como diferentes protocolos de confiança evoluíram e como, em cada caso, centralizar a confiança em certas instituições tem periodicamente causado problemas.
Batido martelo no sistema Trato Feito ou no girar da roleta sem influência humana as transações processar-se-ão.
E a moeda?
Aqui é que virtualidade coloca a pá de cal. Qualquer um pode usar a moeda que desejar, mas o sentido “ad valorem” é o único que na verdade não existe senão na “bolha da Internet”. O valor será universalizado chamando-o como quiser, mas nada que possa nem sequer lembrar isso de bancos centrais, moedas universais, juros etc. O que dá valor ao Blockchain é simplesmente o interesse das partes que em um lugar pode ser um e outro em outro.
Difícil demais explicitar e quantificar esta nova incipiente moeda quando ela não é real e sim virtual.
Esperemos novas novidades.
Abração. 
J. R. M. Garcia.