sexta-feira, 15 de março de 2013

=PAPA FRANCISCO PRIMEIRO=

PAPA  FRANCISCO  PRIMEIRO 

Desculpem-me o entusiasmo com que volto aqui a falar uma vez mais de Jorge Mario Bergoglio, o primeiro Papa jesuíta recém eleito, Francisco Iº.
De algum modo faço parte da comunidade jesuítica não como membro, mas por formação moral e ética pelos muitos anos que passei entre eles em convívio diário. Eu previra em crônica anterior: “Em essência será um jesuíta prático, objetivo, realizador, corajoso, evangelizador, simples, dinâmico e político.”
Francisco celebrou nesta quinta-feira sua primeira missa como novo Papa. Em sua primeira homilia, o novo pontífice alertou enfático para o risco de a “Igreja se converter em uma ONG piedosa”, caso não siga os preceitos de Cristo.

Vejam alguns textos com os quais norteou seu apostolado.


“Vivemos na região mais desigual do mundo, a que mais cresceu e a que menos reduziu a miséria. A distribuição injusta de bens persiste, criando uma situação de pecado social que grita aos céus e limita as possibilidades de vida mais plena para muitos de nossos irmãos”
Jorge Mario Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires, em 2007
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“Não sejamos ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é um ataque destrutivo ao plano de Deus”
Jorge Mario Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires, em 2010, antes da sanção da lei que aprovou o casamento homossexual no país

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“Em nossa região existem padres que não batizam os filhos de mães solteiras porque entendem que eles não foram concebidos na santidade do casamento. Esses são os hipócritas de hoje. Aqueles que separam o povo de Deus da salvação. E essa pobre mãe que teve a coragem de trazer o filho ao mundo é obrigada a ir de paróquia em paróquia até que a criança seja batizada”
Jorge Mario Bergoglio, então cardeal de Buenos Aires, em 2012

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“Não vamos a lugar nenhum [com a ajuda do FMI], simplesmente nos endividaríamos ainda mais”
Jorge Mario Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires, em 2002, quando a Argentina tentava um acordo com o fundo

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“Parece que meus irmãos cardeais foram quase até o fim do mundo [para escolher um papa]”
Papa Francisco, em seu primeiro discurso após ser anunciado como sucessor de Bento 16

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Jorge Mario Bergoglio, no livro “El Jesuita”, sobre a vida do novo papa, de Sergio Rubín e Francesca Abrogetti

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Jorge Mario Bergoglio, sobre a adoção de crianças por casais gays
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Jorge Mario Bergoglio, no livro “El Jesuita”, sobre a vida do novo papa, de Sergio Rubín e Francesca Abrogetti

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Papa Francisco, sobre as acusações de ter sido omisso na repressão da ditadura argentina (1976 – 1983)

DANÇANDO  TANGO

Bergoglio, na juventude, dançava tango e teve uma namorada: Amália, que conta de uma carta de amor que recebeu dele e do que Bergoglio lhe disse: “Se eu não me casar com você, vou ser padre”.
Gosta de cozinhar, de andar de ônibus e era figura comum nas ruas de Buenos Aires, sempre trajando batina negra. Quem o conhece bem assim diz: “Um homem íntegro, direto, sem eufemismos." É assim que o rabino Abraham Skorka, reitor do Seminário Rabínico Latino-Americano, com sede em Buenos Aires, descreveu o cardeal argentino Jorge Bergoglio em entrevista à BBC. Ao mesmo tempo, o Vaticano tem enfrentado uma série de questionamentos tanto sobre casos de abuso sexual na Igreja quanto sobre a opacidade das suas finanças.
"Ele foi o escolhido para fazer frente a todas essas dificuldades", disse o rabino.
Seria redundância esta assertiva, pois é característica dos jesuítas a simplicidade, o informalismo, a tenacidade, os hábitos trigueiros. A Cúria nomina os jesuítas como “soldados de fronteira”, sempre evangelizando aqueles que longe estão da Sé. Não é homem da Cúria. Isso lhe trará dificuldades.

 PROTESTANDO  NA  CÚRIA
Nas primeiras horas do papado, demonstrou austeridade, do crucifixo de latão no peito à recusa do carro oficial do Vaticano, para levá-lo à basílica romana de Santa Maria Maior.
O Papa Francisco criticou a segurança vaticana por ter fechado a igreja aos fiéis. O Papa bom pagador voltou ao hotel onde se hospedava, para acertar as contas que deixou como cardeal.
Na sua primeira missa depois de eleito, não usou paramentos especiais, mas as mesmas roupas dos cardeais. Não se sentou no trono para a homilia, preferiu um recado direto e curto, características da sua personalidade. Disse que a Igreja Católica deveria se concentrar em Jesus, senão correria o risco de se transformar em uma ONG piedosa.
Na quarta-feira (13), nas primeiras horas depois de eleito, já demonstrou não desejar o isolamento natural dos papas. O arcebispo de Bordeaux, Jean-Pierre Ricard, revelou que, em vez de pegar o elevador sozinho, o Papa preferiu ir com os outros cardeais e recusou viajar na limusine do papa até a residência de Santa Marta, onde os cardeais estavam hospedados, para ir de ônibus com os outros cardeais.
Acostumado às favelas da área metropolitana de Buenos Aires, Francisco pode se transformar em um papa viajante, mas antes terá que enfrentar uma realidade interna, que requer tempo e coragem.
Brevemente, os dois volumes do dossiê do caso Vatileaks estarão na sua escrivaninha. Católicos do mundo inteiro esperam pelas decisões do novo pontífice. A própria Igreja espera.

CRISTINA DEMONSTRA SEU DESAGRADO NA ELEIÇÃO DO PAPA


Relação tensa de Cristina com o novo papa tem raízes antigas, no caso da denúncia da existência de prostíbulos em Río Gallegos, território político dos Kirchner, em 2009, ou a de que o juiz kirchnerista, Eugenio Zaffaroni, era dono de apartamentos usados como bordeis, em 2011. Bergoglio ainda, mostrou apoio a opositores de Cristina, como o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, e o sindicalista Hugo Moyano.
 Obrigado e minhas desculpas por um texto tão longo.
 Tenham um ótimo fim de semana.
        J. R. M. Garcia

        Endereço eletrônico: martinsegarcia@uol.bom.br