PAPA FRANCISCO PRIMEIRO
Desculpem-me o entusiasmo com que volto aqui a
falar uma vez mais de Jorge Mario Bergoglio, o primeiro Papa jesuíta recém
eleito, Francisco Iº.
De algum modo faço parte da comunidade
jesuítica não como membro, mas por formação moral e ética pelos muitos anos que
passei entre eles em convívio diário. Eu previra em crônica anterior: “Em essência será um jesuíta prático, objetivo,
realizador, corajoso, evangelizador, simples, dinâmico e político.”
Francisco celebrou nesta quinta-feira sua
primeira missa como novo Papa. Em sua primeira homilia, o novo
pontífice alertou enfático para o risco de a “Igreja se converter em uma ONG
piedosa”, caso não siga os preceitos de Cristo.
Vejam
alguns textos com os quais norteou seu apostolado.
“Vivemos na região
mais desigual do mundo, a que mais cresceu e a que menos reduziu a miséria. A
distribuição injusta de bens persiste, criando uma situação de pecado social
que grita aos céus e limita as possibilidades de vida mais plena para muitos de
nossos irmãos”
Jorge
Mario Bergoglio,
então arcebispo de Buenos Aires, em 2007
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“Não sejamos
ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é um ataque destrutivo ao
plano de Deus”
Jorge
Mario Bergoglio,
então arcebispo de Buenos Aires, em 2010, antes da sanção da lei que aprovou o
casamento homossexual no país
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“Em nossa região
existem padres que não batizam os filhos de mães solteiras porque entendem que
eles não foram concebidos na santidade do casamento. Esses são os hipócritas de
hoje. Aqueles que separam o povo de Deus da salvação. E essa pobre mãe que teve
a coragem de trazer o filho ao mundo é obrigada a ir de paróquia em paróquia
até que a criança seja batizada”
Jorge
Mario Bergoglio,
então cardeal de Buenos Aires, em 2012
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“Não vamos a lugar
nenhum [com a ajuda do FMI], simplesmente nos endividaríamos ainda mais”
Jorge
Mario Bergoglio,
então arcebispo de Buenos Aires, em 2002, quando a Argentina tentava um acordo
com o fundo
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“Parece que meus
irmãos cardeais foram quase até o fim do mundo [para escolher um papa]”
Papa
Francisco, em
seu primeiro discurso após ser anunciado como sucessor de Bento 16
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Jorge
Mario Bergoglio, no
livro “El Jesuita”, sobre a vida do novo papa, de Sergio Rubín e Francesca
Abrogetti
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Jorge
Mario Bergoglio,
sobre a adoção de crianças por casais gays
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Jorge
Mario Bergoglio, no
livro “El Jesuita”, sobre a vida do novo papa, de Sergio Rubín e Francesca
Abrogetti
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Papa
Francisco,
sobre as acusações de ter sido omisso na repressão da ditadura argentina (1976 –
1983)
DANÇANDO TANGO
Bergoglio, na
juventude, dançava tango e teve uma namorada: Amália, que conta de uma carta de
amor que recebeu dele e do que Bergoglio lhe disse: “Se eu não me casar com
você, vou ser padre”.
Gosta de cozinhar, de andar de ônibus e era
figura comum nas ruas de Buenos Aires, sempre trajando batina negra. Quem o
conhece bem assim diz: “Um homem íntegro, direto, sem eufemismos." É assim
que o rabino Abraham Skorka, reitor do Seminário Rabínico Latino-Americano, com
sede em Buenos Aires, descreveu o cardeal argentino Jorge Bergoglio em
entrevista à BBC. Ao mesmo tempo, o Vaticano tem enfrentado uma série de
questionamentos tanto sobre casos de abuso sexual na Igreja quanto sobre a
opacidade das suas finanças.
"Ele foi o escolhido para fazer frente a todas essas dificuldades", disse o rabino.
"Ele foi o escolhido para fazer frente a todas essas dificuldades", disse o rabino.
Seria redundância
esta assertiva, pois é característica dos jesuítas a simplicidade, o
informalismo, a tenacidade, os hábitos trigueiros. A Cúria nomina os jesuítas
como “soldados de fronteira”, sempre evangelizando aqueles que longe estão da
Sé. Não é homem da Cúria. Isso lhe trará dificuldades.
PROTESTANDO NA CÚRIA
Nas primeiras
horas do papado, demonstrou austeridade, do crucifixo de latão no peito à
recusa do carro oficial do Vaticano, para levá-lo à basílica romana de Santa
Maria Maior.
O Papa
Francisco criticou a segurança vaticana por ter fechado a igreja aos fiéis. O
Papa bom pagador voltou ao hotel onde se hospedava, para acertar as contas que
deixou como cardeal.
Na sua primeira missa depois de eleito, não
usou paramentos especiais, mas as mesmas roupas dos cardeais. Não se sentou no
trono para a homilia, preferiu um recado direto e curto, características da sua
personalidade. Disse que a Igreja Católica deveria se concentrar em Jesus,
senão correria o risco de se transformar em uma ONG piedosa.
Na quarta-feira (13), nas primeiras horas
depois de eleito, já demonstrou não desejar o isolamento natural dos papas. O
arcebispo de Bordeaux, Jean-Pierre Ricard, revelou que, em vez de pegar o
elevador sozinho, o Papa preferiu ir com os outros cardeais e recusou viajar na
limusine do papa até a residência de Santa Marta, onde os cardeais estavam
hospedados, para ir de ônibus com os outros cardeais.
Acostumado às
favelas da área metropolitana de Buenos Aires, Francisco pode se transformar em
um papa viajante, mas antes terá que enfrentar uma realidade interna, que
requer tempo e coragem.
Brevemente, os dois volumes do dossiê do caso Vatileaks estarão na sua escrivaninha. Católicos do mundo inteiro esperam pelas decisões do novo pontífice. A própria Igreja espera.
Brevemente, os dois volumes do dossiê do caso Vatileaks estarão na sua escrivaninha. Católicos do mundo inteiro esperam pelas decisões do novo pontífice. A própria Igreja espera.
CRISTINA DEMONSTRA SEU DESAGRADO NA ELEIÇÃO DO PAPA
Relação tensa de Cristina com o novo papa tem raízes
antigas, no caso da denúncia da existência de prostíbulos em Río
Gallegos, território político dos Kirchner, em 2009, ou a de que o juiz
kirchnerista, Eugenio Zaffaroni, era dono de apartamentos usados como bordeis,
em 2011. Bergoglio ainda, mostrou apoio a opositores de Cristina, como o prefeito
de Buenos Aires, Mauricio Macri, e o sindicalista Hugo Moyano.
Obrigado e minhas desculpas por um texto
tão longo.
Tenham um ótimo
fim de semana.
J. R. M. Garcia
Endereço
eletrônico: martinsegarcia@uol.bom.br