sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

= CLIC = CRÔNICAS E CONTOS - GARCIA

ESTALAR    DE   DEDOS

Com a mão direita, faça com que os dedos polegar e o médio encostem-se firmemente. A seguir, em um movimento rápido, faça-os estalarem entre si. Ouvirá um “clic”. Não  é assim ? 
Este é todo o sentido da vida. Pouco mais que isso.
O transcurso da existência, frente à infinidade do tempo, é menos que isso.
        Milhares de anos o antecederam e outros milhares virão depois de você.
        E seus amores, suas raivas, suas preocupações, suas frustrações, suas invejas, suas alegrias, suas tristezas, suas dores, suas canseiras, suas buscas, suas ambições, esperanças, expectativas, suas ilusões ?
        Ahhhhhhhhhh !!!!!!!!!!!!!!!!!!
        Estas ? Estas e estes estarão no som do ecoar dos dedos.
        Alguém ouviu este soar ?
        Não ?
        Ah ! Faça-o então e pense.  
        Haverá algo depois ?
        Não sabemos.
        Houve algo antes ?
        Não sabemos.
        Uma incógnita eterna persegue esta interrogação.
 Não sabemos o porquê estamos aqui, para onde vamos e o quê estamos a fazer.
        Nenhum sábio, que eu saiba, respondeu com segurança esta pergunta.
        Imaginam, supõem, tentam visualizar uma resposta, deduzem, acreditam, desejam mas, de concreto, nada são capazes de demonstrar.
        E...
Bem !
SORRISO INGÊNUO E  PURO 

Talvez a pureza de um sorriso ingênuo e verdadeiramente franco, possa dar algum sentido. Não mais.
       Que cada um responda para si mesmo o extraordinário mistério destas indagações.
      Um bom final de semana, Amigos.

                                       J. R. M. Garcia  

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

UM SONHO PROFUNDO DEMAIS - CRÔNICAS E CONTOS - GARCIA




Dormi.
Quando acordei estava em um deserto imenso. Somente areia por todos os lados a perder de vista. Tão estranho era este deserto, que nem sombra de mim mesmo existia.
Um pouco à frente uma moça com vestes brancas olhava o areal.
Estranho aquilo tudo.
Por quê estava ali?
               Estava consciente, sóbrio, mas nada sentia seja do vento, do calor. Nada.
Se aproximava da moça à frente, ela se afastava também.
Logo, eu estava absolutamente só.
Morto eu não estava, pois a moça estava ali.  
Ocorreu-me estas perguntas.

“Isto é solidão, estar consigo mesmo?
Solidão só quando o si mesmo é um deserto?
Devo fazer do deserto um  jardim?
Devo povoar um país deserto?
Devo abrir o jardim encantado do deserto?”
Carl Jung.

Pensei:     
Ah ! Entendi...”
              Estava na companhia de minha alma.Tenho tido, de algum tempo para cá, a impressão de que poucos de nós temos a oportunidade e sobre tudo a coragem e, talvez, mais: a loucura de estarmos com nossa própria alma.
              E, à medida que avanço no pouquinho que consigo, assusto-me.


Tenho às vezes a amarga ciência de que, ao adiantar tenho de recuar, uma vez que parece tal qual um vasilhame, onde a utilidade está exatamente no espaço vazio em seu interior.
Talvez a alma seja útil porque ela é exatamente isso, um vácuo também. É, possivelmente, na areia do deserto onde a vida é gravada em letras cuja cor somente Deus saiba.
Mas não estou certo disso.
Enfim, acordei do sonho. Não estava morto, ainda.  
 
Tenham uma ótima semana!
 
J. R. M. Garcia. 

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

= TRISTEZA - CRÔNICAS E CONTOS - GARCIA


As vezes encontro-me triste.
Mas detesto ficar aqui a lamentar a tristeza, “alugando-lhes” a atenção que nem sei se de fato mereço.
Também odeio falar de polícia, de casos de polícia, de copa do mundo,  de religião no todo ou em particular, de política, de eleições, de fofocas, de tristezas de outros, de fatos que, enfim, aborreçam os que me leem.
Procuro lavar o espírito antes de sentar aqui.
Observem comigo o relativismo destes sentires.
Sempre haverá um mais triste que eu, um mais infeliz, um caso de polícia mais horroroso, alguém com mais fé e veemência que eu, um político mais desonesto e mais safado que o de minha preferência, uma fofoca maior que a minha.
E o inverso também. Um mais feliz, alegre, com honestidade, um menos safado etc.
Logo estes assuntos, quando me veem ao espírito, procuro esquecê-los.
Este negócio de guerra já me encheu a paciência e isso de copa do mundo, também  já estou nauseado.
Bom seria que amanhã ao levantar, todos se dessem bem, com amor, com paz, com civilidade, com carinho para com todos; que jornais e mídia em geral somente anunciassem felicidade, um mundo de igualdade onde a fraternidade imperasse definitivamente na esperança de um Criador.
Tenham uma semana bendita.
 
Abraços.
 
J.R.M.Garcia.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

CARNAVAL - CRÔNICAS E CONTOS - GARCIA

CARNAVAL 
 
Carnaval - Imagens, Recados, gifs e Mensagens para Facebook, orkut, tumblr
  
              Jamais vou entender este fenômeno chamado, Carnaval. Um povo sofrido, roubado, explorado, muitas vezes sem perspectivas, de uma hora pra outra, explode numa alegria sem motivo...sem limites, sem pudor. Homens que até  sexta feira, trabalharam de terno e gravata, no sábado vão para as ruas, maquiados, vestidos de mulher, soutien por cima de peitos peludos, braços  e pernas cabeludas, numa imitação  grotesca e sem sentido do sexo feminino. Mulheres que se matam em trabalhos, muitas vezes degradantes e mal remunerados...sofrem nas filas de hospitais e creches, aparecem na passarela, cobertas de brilho e rebolando, como se não  houvesse o amanhã. (Arnaldo Jabor).
 
                Marchas, marchinhas, frevos, sambas, passos elaborados. 
    A maioria delas muito antigas, mas todas imortais. Milhares são os que as ouviram e já morreram. Sambaram sobre seu som e, agora, já não as ouvem.
    Mas nós as ouvimos e ficamos felizes. Alguns por saudades, mas muitos e muitos para colocarem seus corpos em movimento.
    Todos para os salões, para a rua, para as praias deste imenso litoral. Voos, viagens de última hora, desejos, vontades de amar, de sermos amados.
    Compromissos ?
    Ahhhhhhhhhhhhh !!!!!!!!!!!!!!
    Nada não.
    Compromissos, se tivermos, é com a folia.
    Esqueçamos de tudo.
   Agora é somente sorrisos, desejos, amor, alegria, festa.            Depois pensaremos.
    Assim somos nós.
    Temos um compromisso com a alegria; mesmo que ela seja triste, ainda assim temos.
    Meus irmãos:
    Tenham um lindo, maravilhoso, incomparável Carnaval.
    Até depois, pois agora também eu, vestindo a fantasia, vou-me.
 
    Beijos.

           J. R. M. Garcia

domingo, 4 de fevereiro de 2024

COISAS DO AMOR - GARCIA (CONTOS E CRÔNICAS)




COISAS DO AMOR

Li um artigo muito bem construído, escrito por uma psicóloga que na verdade discorre com evidente experiência sobre a questão.
Não sou especialista nestes assuntos. Aliás, meus questionamentos sobre a questão, são vagos e simplórios. Nem arrisco palpitar em casos específicos.
E, de mais a mais, poucas pessoas são sinceras nas questões do amor entre mulher e homem.
Ela, a autora do dito texto, afirma: “O amor é uma construção social; em cada época se apresenta de uma forma. Nós, do Ocidente, somos regidos pelo amor romântico”.
Talvez tenha razão.
E continua com propriedade: “O amor romântico não é apenas uma forma de amor, mas todo um conjunto psicológico — ideais, crenças, atitudes e expectativas. Essas ideias coexistem no inconsciente das pessoas e dominam seus comportamentos, determinando como devem sentir e reagir.”...”Na maioria dos casamentos, homens e mulheres vivem dentro de regras e normas estabelecidas para controlar a liberdade de cada um.”
E aqui, de abelhudo em uma matéria que não é meu campo, fico pensando: “Logo agora quando mulheres e homens clama por mais liberdade, como ficam estes vínculos? Todos nós mudamos - e muito - no tempo, conforme a conjuntura que nos envolve, o próprio trabalho, as variações econômicas e financeiras, as crenças, as expectativas como bem o ressalta sobre a opção do amor romântico.”
De uma coisa estou certo. Qualquer um que pensar dez minutos sobre a fidelidade eterna na doença (alzheimer por exemplo); no uso de fraldões descartáveis; na pobreza imprevista; na própria transformação de nossos corpos; é mentiroso se faz tal juramento para sempre.
O certo é que, se não podemos negar o amor, também não podemos negar a paixão. Ambos são reais.
Tenho para comigo, que o amor é um sentimento muito mais de responsabilidade do cônjuge para com o outro, mesmo quando a paixão (rainha das ilusões) termina.
O amor é responsabilidade dos cônjuges quando se tomam em casamento e isso independe da fugidia e incandescente paixão, seja de parte a parte.
            
             J. R. M. Garcia.